Memórias da minha terra: região de Trás-os-Montes - Portugal, o "reino maravilhoso"de Miguel Torga
Quem não tem a sua terra no coração...?
Memórias da minha terra: Portugal, região de Trás-os-Montes, esse “ reino maravilhoso”, terra natal e inspiração do grande escritor Miguel Torga.
Quando falo da minha terra, refiro-me à aldeia onde eu e quase todos os meus antepassados nascemos, e onde passei uma boa parte da minha infância e juventude. Chama-se Vilarinho, uma pequena aldeia quase perdida entre o rio Tua e a serra, no norte de Portugal, bem no coração da região de Trás-os-Montes, onde antigos costumes e tradições se repetem e se renovam a cada ano. Possui uma área de 1.420 hectares e 155 habitantes. A base de subsistência é a agricultura, a olivicultura, a vinicultura e a pastorícia. Lá, tudo e todos se conhecem.
Existiam nas proximidades da aldeia quatro azenhas, junto ao rio Tua: Azenha Nova, Azenha das Três Rodas, Azenha da Amieira e Azenha das Regadas. Esta tradição das Azenhas está relacionada com o nome da aldeia. Nessas azenhas (moinhos de água), movidas pela força da água do rio, era feita a transformação dos preciosos grãos de cereal em farinha, com a qual se fazia o pão - base de subsistência.
É um povoado muito antigo cujas origens remontam a épocas anteriores ao século XII, até porque há vestígios castrejos na sua área. (A cultura castreja é uma longa tradição de resistência lusitana aos povos invasores: Celtas, Suevos, Visigodos, Muçulmanos, Romanos...).
Quando falo da minha terra, há sempre alguém que diz que é a terra do bom azeite e do bom vinho. Grandes verdades! Dela guardarei sempre a lembrança dos alegres momentos vividos com meus avós nas colheitas das uvas (vindimas) e das azeitonas.
Um pouco por todo o nordeste transmontano, sobrevivem ainda algumas tradições e costumes seculares. É o caso da tradicional e festiva colheita das uvas, vulgarmente conhecida como vindima (tema que tratarei mais tarde).
Quadras populares da autoria da população de Vilarinho:
Aldeia de Vilarinho
Linda aldeia portuguesa
Todos quantos a visitaram
Gostam da sua beleza
Vilarinho terra linda
Amparada pela serra
Cativas toda a boa gente
Que mora em tua terra
As oliveiras são lindas
Quando cobertas de flor
Da azeitona fazemos o azeite
Com carinho e com amor.
Vilarinho é pequenino
Mas muita beleza encerra,
Pois aqui se canta o hino
Da padroeira da terra
Ao entrar em Vilarinho
Dá gosto e satisfação
Ver tanta roseira linda
Que alegram o coração
Vilarinho das Azenhas
Tens vinha e olivais
Quando estou longe de ti
É quando me lembras mais!
(Ana Flor do Lácio, 07/09/2009)