A MÃO QUE LEVA VIDA

Ele parecia um homem como outro qualquer, bem, em termos....

Pois era muito mais bonito que a maioria. Uma beleza angelical que comovia e emitia muita confiança naqueles que resolvessem falar com ele. Mesmo simplesmente observando Kaerd, já se sentia algo como carinho e amizade por ele. Bastava poucos minutos de conversa ou algum convívio para entender que ele era especial. Uma áurea linda, quando falava , parecia emitir luzes dos olhos e suas palavras pareciam melodiosas.

Seu andar elegante e suave como de uma pantera. Suas vestes em branco pareciam irradiar a paz. Seus cabelos dourados em cachos, um campo de trigo balançando ao vento. Seus olhos brilhantes cor de mel e sua face rubor atraia qualquer pessoa para ouvi-lo, para estar ao seu lado, conviver com ele por minutos que fosse.

Kaerd era tudo isso e muito mais. Por onde passava a vida se renovava. Se passeasse por um jardim seco e judiado, em pouco tempo esse jardim voltava a florir como quem acabado de ser cuidado.

Ele passeava pelas cidades, campos e a todos levando vida, amor e carinho.

Ao dar a mão a uma criança, esta se iluminava e sorria com seus olhos brilhantes,

Se fosse dada a uma idosa, esta se enchia de vida, remoçava e seus passos já lentos pela idade, se tornavam firmes e ligeiros.

A um mendigo, este parecia receber uma dose de animo e esperança.

Suas mãos benditas traziam cores a um mundo cinzento, carinho a um coração amargo, perdão ao pior dos pecados.

Beijá-las, era beber um gole daquele vinho sagrado, servido na Santa Ceia. Exagerando? Eu?

Acompanhei-o pelos umbrais, pelos caminhos ladeados do fogo vulcânico, pelos campos verdejantes da nova seara...

E suas mãos deixavam vida por onde passava.

E de tão natural, que ele mal se apercebia do bem que espalhava, simplesmente, espalhava.

E assim eu e Kaerd, nos aventuramos, pela vida afora e ver até onde chegaríamos.

Ele gostava e até pedia minha companhia, mesmo sabendo que a qualquer momento deveria voltar e me apresentar ao mundo real.

Mas não queríamos pensar nisso agora. Só pensávamos em volutear por ai, vendo as belezas e alegrias de uns e a tristeza e feiura de outros.

E assim percorremos o mundo, de São Paulo à Paris, do Amazonas ao Alaska... E Kaerd sempre distribuindo maravilhas em sua maneira simples e até um pouco desligada, a todos encantando. Eu sempre a seu lado, colhendo momentos lindos, absorvendo aquela sabedoria toda, e observando a reação dos humanos diante dele.

Mas era chegada a hora de nos despedirmos.

Cruel momento, doloroso.... Pedi que me deixasse ficar, mas com olhos marejados, e com muita tristeza refletida em seu semblante, somente me olhava e se despedia; sua imagem como uma luz cada vez mais fraca, sumia diante da minha tristeza e choro.

Voltei, e procurando viver de acordo com seus ensinamentos, fui curando a tristeza de não mais vê-lo e no lugar foi nascendo uma saudade serena, doce e que me perdia em pensamentos.

Não sabia que nesses momentos, Kaerd se aproximava e acariciava-me... Suas mãos agora davam a mim vida para continuar minha missão.

Quando me sentiu forte; eis que uma noite me visita.

Dormia tranquila, quando ouvi que me chamavam e me tocavam de leve... Ao abrir meus olhos, pulei para seus braços, num abraço forte e saudoso.

E de mãos dadas, saímos a volutear pelo mundo afora, parando nos lugares que necessitavam de nossa ajuda.

Foi uma noite e tanto! Ao amanhecer ele delicadamente me deixou em meu leito e adormeci.

Não mais sinto saudades, pois, passeamos sempre juntos pelo universo, parando onde nos precisam.

Meu despertar é lindo, cheio de vitalidade e de amor pra dar. Pois, sei que, a noite me espera, para um bailado a luz das estrelas....

KOKRANNE

29/06/10

KOKRANNE
Enviado por KOKRANNE em 04/08/2010
Reeditado em 04/08/2010
Código do texto: T2417561
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