Foto: Elvis Lozeiko - Jornal Evolução - S.Bento do Sul/SC -



      Um homem de bem 
 
Dinheiro ajuda, mas não traz  felicidade
Atenção pra história que vou lhes contar
A saga do menino por Padre Luiz adotado
Humilde, analfabeto  mas deveras  sagaz
Prestativo e honesto um poço de bondade
Pedro Pipoca com carinho quero apresentar
Cidadão de Campo Alegre muito estimado
e conhecido na região, um folclórico rapaz.
 
Aquele homem juntando papéis de bala, plásticos e xepas de cigarro... colocando-os nos bolsos do velho paletó azul marinho...estranho, surgiu tão repentinamente e já é mais conhecido que o prefeito local.

Folclórico, simpático e brincalhão fez suas primeiras visitas a cidade pedindo brindes para a Igreja Matriz de Campo Alegre, vizinha a nossa São Bento do Sul, por muitos anos fez este trabalho missionário além de vender rifas e entregar  folhetos das festas das igrejas da região, tudo por um bom prato de comida e abrigo.

Certo dia o padre Luiz, vigário de Campo Alegre( que o criara e albergava) faleceu, e  Pedro Pipoca mudou-se com seus poucos pertences para cá: algumas roupas surradas e seu inseparável  rádio de pilha.

Vivia de algumas doações feitas por corações generosos, não tinha emprego, mas trabalhava incansavelmente na limpeza das ruas da cidade, na época não havia como reciclar o lixo (ninguém aventava a possibilidade de...) e o bizarro gari gratuitamente contribuía com o meio ambiente, nada pedia em troca, à ninguém...

E olha que foram muitos anos a carregar a solitária bandeira, um Dom Quixote (sequer tinha a companhia de um Sancho Pança ou de um cavalo alcunhado de Rocinante )

Certo dia o  reconhecimento, por sugestão de um vereador, o prefeito da época arrumou-lhe um emprego de gari, era o único funcionário da prefeitura que trabalhava além do horário estipulado, gostava do que fazia, um exemplo.

O Prefeito insistiu em fazer a entrevista para a admissão:

- Seu nome?

- Pedro Alves dos Santos ao seu dispor.

- Data nascimento?

- Perdi meus documento dotô? 

- Idade?

- Uns 42 ou 44 anos pra mais ou pra menos...

- Profissão?

- Vigarista!

- Mas como vigarista??? ...estranhou o alcaide.

- Por que trabalhava para o vigário, ora!!!

-....

Antes já das 7 da manhã, Pedro Pipoca,  trajando o velho paletó xadrez, calças listradas e alpercatas em companhia de seu rádio de pilha iniciava a limpeza das ruas.

Sorriso amarelado com dentes disformes, bigode ralo,  olhar estrábico e o andar titubeante marcavam deveras a figura bizarra que a todos encantava.

Segredou-me um dia: - sou virgem e assim vou morrer, mulher é um “atrapaio” de vida!

Pedro Pipoca aposentou-se com um salário mínimo, retornou à terra natal e mora na casa de uma irmã mas continua a limpar as ruas, gratuitamente.

Um homem de bem com certeza.