Sepultamento (Resultado)
Por: Egídio Garcia Coelho
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Sepultamento (Resultado)
Há muito aprendi e venho sempre repetindo que na vida o que vale é o resultado.
E hoje 15 de setembro de 2006, em meio às emoções de familiares, parentes e amigos num cortejo fúnebre, tive o privilégio de vivênciar um marco histórico na vida de todos que conheceram e conviveram com um modelo de ser humano que após 57 anos de exemplar vida conjugal e ter criado 11 filhos, encerra sua permanência na existência terrena, dando mais um passo na jornada da sua vida eterna.
Seguindo no cortejo, num trajeto com aproximadamente três quilômetros, ao dirigir na metade da fila dos carros, me surpreendi quando mesmo diante de um desmatamento em meio a cultura de arroz por onde passa a rua que leva a igreja e ao cemitério, fui impedido de avistar o carro da funerária que puxava o comboio. Seguia na frente um corpo de quem nunca foi milionário nem político, mas, dono de uma popularidade de causar inveja a qualquer candidato ou titular de um cargo político. Tudo pelo fruto de ações positivas, acumuladas ao longo dos seus quase oitenta e quatro (84) anos de existência numa pequena comunidade, onde permaneceu arraigado, dando demonstrações, dentro da mais pura simplicidade, de que vale a pena seguir os ensinamentos do Cristo Redentor, agindo com retidão desde os seus primeiros passos.
Projetou-se como seminarista, vindo depois a optar pela vida conjugal, sempre fiel aos seus princípios, obedecendo a seus juramentos feitos no altar, vindo comprovar sem hipocrisia na sua árdua jornada, ser um exemplar marido e dedicado pai, lutador (aposentado como colaborador pela CELESC de Joinville) e sempre mantenedor das necessidades básicas da família e de um desprendimento sem igual para com a comunidade que hoje demonstrou com gratidão e carinho o reconhecimento, prestando essa histórica homenagem que na verdade iniciou, já há sete anos quando venceu a um AVC (derrame cerebral), contrariando milagrosamente a muitos diagnósticos de grandes profissionais da saúde, com uma sobre-vida em cadeira de rodas, desde 01 de junho de 1999, que veio a selar sua missão de fiel servo do Cristo e devoto a Maria Santíssima. Na força da fé, veio a alcançar mais significativas conquistas na família, sempre apoiado da sua devoção e orações, sendo o Dom da paciência o mais evidente.
Na igreja do Poço Grande (Guaramirim-SC, sua comunidade) completamente lotada, enquanto o vigário fazia uma bonita celebração, homenageando aquele que tinha sido também Ministro da Eucaristia, uma chuva torrencial descarregava as nuvens, dando mais uma demonstração da sua afinidade com o Divino. Pois, por coincidência ou não, a chuva soube esperar que todos entrassem na igreja, vindo depois a dar uma trégua com precisão exata, desde o encerramento com salva de palmas, das últimas homenagens prestadas dentro do Templo até o deslocamento ao cemitério e sepultamento com as merecidas bênçãos e despedidas de todos, voltando a chover imediatamente após enfeitado o túmulo com lindos vasos e muitas coroas ostentando faixas com lindas homenagens em meio a mais uma salva de palmas.
Rodeado de tantas emoções, era impossível conter as lágrimas com um sentimento muito difícil de racionalizar para descrever, pois, minha tristeza pela perda da convivência com meu querido sogro Loreto (Sarito) Vieira, se confundia com felicidade e alegria. Era gratificante ver nosso ente querido receber as mais concretas demonstrações de carinho, admiração e reconhecimento que seguramente despertou orgulho naquele espírito tão desenvolvido que nos presenteou sua existência terrena, partindo também numa sexta-feira para sua eterna jornada. O mesmo sentimento pude perceber nas expressões de tantos rostos das mais diferentes idades e silenciosas lágrimas, destacando minha amada sogra Alice, mulher, mãe, avó e bisavó, rodeada por filhos e filhas, noras e genros, netos e bisnetos, irmãs, cunhadas e cunhados com tantos outros parentes, amigos e amigas, sendo impossível descrever a todos. Assim, vimos que todos os presentes nesse histórico evento se dariam por satisfeitos se diante do inevitável encontro com a morte nessa existência alcançassem semelhante “resultado”.
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