O Dia da Minha Morte

Pensei, certa vez, qual seria o melhor dia pra gente morrer.Num relance me veio na mente que segunda-feira seria o dia ideal.Não incomodaria o descanso do trabalhador que seria pedreiro de minha morada final,mas por outro lado,eu perderia Tela Quente.Se eu morresse na terça-feira seria de melhor escolha pois ficaria mais um dia neste mundo.É que terça faço curso de patchwork e a professora Márcia iria ficar prá lá de chateada com a idéia de me perder justo nesse dia.Logo agora que íamos aprender a quiltar,eu ir assim,deixando minha máquina bem novinha.Ah,essa não.

Se Deus pudesse prorrogar para quarta acho que seria o ideal,quarta...Ah quarta...dia de namorar,de ver jogo na TV,não,não mesmo,esquece, delete o que até aqui você leu.Vamos deixar isso para quinta-feira,dia de fazer quase nada,dia que se fosse retirado da semana nem faria falta.Só que eu iria perder a Grande Família e não iria saber nunca se o Augustinho se elegeu ou não, ao cargo político a que esse bom elemento vem se propondo.Perder a Beiçola demonstrar sua paixão por dona Neném...e o ciúmes do Lineu.

Sexta-feira , tai , é sexta mesmo...mas enterrar no sábado ?Sábado , dia de fazer supermercado, de ajeitar as coisas para o almoço de domingo,sobremesa,torta de bolacha,pão de casa,cuca de banana..Mandar lavar o carro.Fazer as unhas Não,definitivamente no sábado não dá para enterrar ninguém não!! Muito mau gosto. Nem domingo,esse dia é sagrado,tenho que ir na missa,almoçar mais tarde,tomar uma cervejinha,reunir a família e, no final da tarde ,ver os gritos do Faustão,dar graças a Deus das crianças pararem de correr pela casa,descontroladas,a gritarem entre elas.De dois ou três brigarem pelo lugar no computador De se estrebucharem lá no quarto ,gritando no jogo do Playstation,se matando entre eles duas ou três vezes consecutivas e ressucitando num triscar de dedos.,

Final da tarde, foram pra casa deles.Agora é a melhor hora...sento e espero...

Pensando bem ,levanto rapidamente.

Acho que o ideal é morrer sem saber, sem se dar conta mesmo, de verdade.

Ou melhor:

Melhor nem morrer.