Mulher de Malandro

Quando nos conhecemos eu já era casada. E vivia uma fase tão boa, tão resolvida estava, que sequer dei importância a ele. Ao contrário, mantinha uma distância educada e respeitosa entre nós. Meu próprio marido, porém, insistia em freqüentá-lo e, ao observar o interesse de outras mulheres por ele, também eu comecei a prestar mais atenção ao seu charme sedutor. Resisti ainda um pouco, não queria dar muita chance de aproximação. Mas, algo me dizia que mais cedo ou mais tarde, me apaixonaria. Foi mais tarde, mas, me apaixonei. Há doze anos ele me conquistou definitivamente. Eu, ao contrário, nunca cheguei a conquistá-lo, entender seus mistérios e segredos. Ainda estou aprendendo. Mas hoje posso dizer: é um amor para toda a vida.
Nem sempre foi possível estarmos juntos. Houve momentos de afastamento quando eu, como a moça da janela, ficava ansiosa contando o tempo, para vê-lo voltar. A saudade, uma sombra a turvar-me o olhar. Houve momentos muito intensos, outros nem tanto, alguns até burocráticos. Não fosse brega afirmar, diria que vivemos entre tapas e beijos. Mais beijos que tapas, ainda que, vez por outra, me veja às voltas com hematomas ou contusões...
Hoje mesmo, estou toda doída do lado direito do corpo, além da perna e do ombro esquerdos. Ando por aí, mancando e gemendo, mas não há o que tire esse sorrisinho bobo da minha cara.
Acho que sou mesmo mulher de malandro!
E, como tal, não me envergonho de afirmar: assim que melhorar um pouco, quero voltar para ele, minha grande paixão: tênis, o esporte do meu coração.



Brincadeiras à parte, o que está me acabando mesmo é o computador. O tênis só agrava as ziquiziras posturais, embora eu já tenha ostentado, por uma semana, um olho roxo, conseqüência de uma auto-raquetada, num torneio: cheia de gana para avançar às finais, cheguei muito atrasada para rebater uma bola e acabei acertando a raquete no rosto.


Imagem daqui.