Nossas Grades

Tenho lido muito nestes últimos dias. Meio a esmo, meio deixando os textos me conduzirem a outros textos (a internet é ótima para isso – lembro das dores nas costas de tanto folhear Enciclopédias Britânicas, de volume em volume, sendo guiado pelas palavras desconhecidas).

Tenho absorvido e lido sem muita análise, ainda. Tenho deixado as coisas passearem pela minha mente e pelas minhas sensações de satisfação, descoberta, desconfiança, quase compreensão, vislumbres, sonhos...

E um conceito que eu não tinha e passou a me assaltar de vários ângulos é o da grade... como explicar? Nem sei ainda... estou na fase de roubar as idéias para servirem de ingredientes para as minhas próprias.

Mas, grosseiramente, imagina a grade como sendo a janela que te separa do mundo verdadeiro e que tudo que você percebe passa, necessariamente, por esta grade antes de atingir teus sentidos e tuas percepções. Não se pode dizer que ela seja uma deturbadora do mundo verdadeiro ou mesmo um fltro do que te atinge. Esta grade é tua ÚNICA forma atual de chegar a receber alguma coisa do mundo verdadeiro.

E as grades são resultado de uma série infinda de elementos, sejam influências, sejam aprendizados, medos ou descobertas. E cada indivíduo tem sua própria grade, que pode até se assemelhar aos que o cercam, no tempo e no espaço e, principalmente, nas idéias e ideais (sonhos talvez).

Mas como não sabemos que esta grade existe em cada um de nós obviamente não sabemos que ela existe no nosso vizinho antagônico, no nosso colega discordante, no nosso amor não mais amado.

E grades diferentes não só vêem pedaços diferentes do mundo verdadeiro como podem até não conseguir nem ver o que o outro vê.

Esta desvisualização é, provavelmente, o cerne das confusões e desentendimentos, das necessidades do uso da força física, mental ou psicológica.

Talvez tenhamos que ser míopes e deixar de olhar o mundo para passar a enxergar nossas próprias grades, entendê-las, e desmontá-las, primeiro um pedaço, depois olhar para fora e para o outro e reaprender... depois desmontar mais um pedaço, novo aprendizado...

Até... sinceramente não sei o que veremos... ainda nem retirei meu primeiro pedaço. Mas estou esperançoso que, mesmo que eu esteja completamente errado quanto à existência destas grades, pelo menos eu consiga enxergar mais conscientemente e saber que há um mundo verdadeiro que todos enxergarão por igual.

George Wootton
Enviado por George Wootton em 01/08/2010
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