Descansar também cansa

Não sei se poderíamos diferenciar as dores – do ponto de vista físico - se é que existem diferenças. Mas se pudesse, as dividiria em dois grupos: torturantes e gostosas. Não quero deixar aqui assinaladas as dores por sofrimentos com doenças e de amores desfeitos, no desleixo total da aparência. Não sei também, se elas foram ocasionadas pela experiência do tempo ou interferências dos aspectos psicológicos. Porém, uma coisa eu tenho certeza, elas são diferentes e como são.

Temos a dor de um trabalho exaustivo, que deixa os músculos e ossos em estado terminal. Aquela em que deitamos em nossa cama e não encontramos posição de descanso - vira-se de um lado para o outro e não nos acomodamos para relaxar e pegarmos no sono, ou então, aquela que dirigimos durante algumas horas e não vemos o momento de parar, para sentarmos! Coisas da idade ou do tempo?!

Quero aqui enfatizar a dor gostosa, de um pedalar de bicicleta, um andar a cavalo, um pedalinho no meio do lago, uma caminhada por trilhas desbravadas por poucos em meio à mata ou um mergulho na piscina aonde cada braçada vamos deixando para trás a dor torturante e substituindo a por uma prazerosa.

Felizmente temos, ainda, algumas reservas naturais, onde o meio ambiente pode ser usufruído, sem as interferências desastrosas do homem. Ambos vivendo em harmonia. Local onde podemos perfeitamente nos contaminar com essas dores prazerosas.

A natureza não nos machuca, deixa durante alguns dias, dores nas pernas e nos braços ou então no corpo todo, para que possamos de vez em quando lembrar dela: De seu verde, de seu ar, de seu espaço. Partirei em breve na busca de novos gramados, novas flores, novos lagos, novas dores do descanso.

Edson Alcarde
Enviado por Edson Alcarde em 01/08/2010
Reeditado em 03/08/2010
Código do texto: T2412090
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