fe(i)to poema

Fui visitado pelo Diabo e não o vi, deitou-se em cima da minha cama uma mulher.

Uma frase sem rédeas, passou à rédea solta, o que me deixou bastante não sei o quê.

Na verdade tinha acabado de escrever um poema feito como um feto i sei lá o quê mais?

Posto isto "posto" o poema, cronico-me... como (se) tivesse o direito que o Assim tem a ser "cronicado".

A crónica não me sai tão bem, nem de perto nem de longe.

'fe(i)to poema'

«qualquer palavra que possa

fazer minha», t_eu

para que não transpire nada

do que mastigo na moela

onde colecciono as palavras

antes das digerir no poema

enquadro-me com a folha

tirando a cabeça dos ombros

na boa maneira de escrever

podendo fazer bela asneira

o pato quá-quá escrevendo

vai desenvolvendo crista...

até ser capaz de na alpista

ganhar um bico de rouxinol

troco os b pelos v na troca

da baca com o voi e vejo

uma cópula de imperantes

dizeres que se extenuam

a cópula toda metafórica

não deixa de fora o prazer

e aplica-se numa inclusiva

reprodução fe(i)to poema!

Francisco Coimbra
Enviado por Francisco Coimbra em 15/09/2006
Código do texto: T241161