A um passo do paraíso (talvez eu fique por lá)

Quando nada mais nobre vem a minha mente para servir de inspiração, transpiro e decido render meu tributo àquele que só lembramos quando estamos na merda, ou a um passo dela!

Sim, meus senhores e minhas senhoras, é do vaso sanitário que lhes falo agora.

Não torçam seus narizes se o tema não lhes cheira bem, mas cabe lembrar aos senhores alguns fatos que, com certeza, os farão mudar de opinião.

Não há em nossa casa lugar mais tranqüilo para ler o jornal de domingo ou folhear velhas revistas abandonadas, lendo matérias deixadas para traz como a do excitante ciclo de acasalamento do gafanhoto.

Também é neste momento a oportunidade de ler o rótulo do seu condicionador e descobrir que contém cloreto de cetil trimetil amônio. Informação de extrema relevância para futuras escolhas de cosméticos.

Para quem gosta, também é a oportunidade de escrever, seja a lista de compras, uma carta de amor ou até mesmo uma crônica como esta.

Todavia, é no momento de desespero total que nos damos conta de como ele, o vaso sanitário, é importante em nossas vidas.

Quando estamos na rua, batendo de porta em porta a procura de abrigo, e ao ser acolhido entramos no banheiro e nos deparamos com aquela peça branca de louça a nossa espera (pois os dos bares e restaurantes da vida são sempre brancos) temos a materialização da expressão "visão do paraíso".

Espero que se sintam tão aliviados quanto eu me senti ao reconhecer a importância de tão brilhante invenção e vejam, de hoje em diante, o vaso sanitário com outros olhos.