Macacos Inteligentes
Reassistindo a Futurama, uma série de desenhos-animados que adoro, uma coisa me chamou a atenção.
Tem um episódio em que, dentre muitas fuleragens extremamente inteligentes, os roteiristas tiveram uma sacada incrível: criaram um macaco (nada a ver com o macaquinho tarado da crônica de antes) que, uma vez usando um chapéu eletrônico, tornava-se extremamente inteligente. Acontece que, de posse de uma virtuosa racionalidade humana, o pobre animalzinho entrava numa nóia tremenda; eram divagações, depressões, vergonha de seus pais (afora uma dolorosa abstinência de comer bananas) e, no fim, um dilema existencial entre arrancar o chapéu e voltar à selva, ou mantê-lo e ser um intelectual atormentado.
No fim, ele leva uma pancada no aparato tecnológico, que se danifica mas não desativa, tornando o macaquinho um mediano. Por conta disso, torna-se incansavelmente feliz e motivado, galgando a executivo de uma supercorporação.
Comicamente, é genial. Mas vem o tonto do cronista a divagar:
“Eu sei lá; de repente, em vez de encolher, a gente poderia espichar (feito ascetas) nossa compreensão pra subir a um degrau de menor incompreensão que, visto mais de cima, poderia significar um limitado mais respeitável, e racionalmente alegre.
Poderia haver um Deus que, mesmo oculto, desse mais certeza de sua presença – talvez com um milagre postado no youtube. Poderia haver amigos que, antes de apunhalar, cometessem o suicídio – fiando-se no link citado. Poderia haver uma igrejinha compartilhada, irreal fisicamente, suspensa na idéia como um poema. Poderia haver um planeta que não fosse mera ante-sala pro Mistério. Poderia haver um sentir-se a si, mas apartado do pronome EU. Não é nada comunista; aliás, nada político; é apenas um entender o movimento das coisas (do tempo, principalmente) que não leve a uma perplexidade maior que o conhecimento juntado. É... É assim... Ah, vocês entenderam (estamos todos de chapéu).”
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