Crônicas da Vida Real... Cheiro de Infância
Crônicas da Vida Real
Cheiro de Infância
Augusta Schimidt
Lá no sítio Santa Rita, o galo, maestro que regia a sinfonia de todas as manhãs, subia na cerca do pomar e anunciava o dia.
Os passarinhos afinavam seu cantar e acordavam toda a colônia com seu canto de paz. Após esse ritual, o sol clareava o dia com um sorriso satisfeito.
Quem olhasse lá fora, podia ver a fumacinha saindo pela chaminé e sentir o delicioso cheiro do café. Mais tarde um pouco, mais lenha no fogão e estava tudo preparado para cozinhar o feijão.
Tudo lá no sítio era harmonia. Depois das primeiras horas do dia, quem andasse pelo pomar tinha a oportunidade de ver que na natureza tudo tem o seu lugar. Sabiás nas laranjeiras, curiós nas bananeiras, canários do reino nas mangueiras, beija-flores dividindo espaço com as abelhas nas jabuticabeiras.
Eram oito pés de jabuticabas um ao lado do outro, galhos entrelaçados facilitando a travessia num gesto de cumplicidade com a nossa alegria. Era uma delicia. Jabuticabas fresquinhas, lavadas pelo orvalho da madrugada, prontinhas para serem saboreadas.
Hoje, que o tempo passou, quando sinto o cheiro da terra molhada, quando vejo um pé carregado de jabuticaba, me lembro com saudades do cheiro da minha infância feliz.
Campinas/15/09/2006
12.30h