Morador de rua

Acho que sempre fui um morador de rua.

Percorri um longo caminho passei por becos quase sem saída.

Declamei poesia as pombas e as estatuas surdas das praças.

Aplaudi mendigos poetas, bailarinos, mágicos, descrentes e extremamente religiosos. Vi amigos morrerem nas esquinas.

Muitos desapareceram sem deixar saudade. Outros foram inesquecíveis.

Uns tocavam violão, outros somente escutavam.

Vi jovens morrerem de drogas a tribo dos almas partidas. Mortos vivos

E vivos que tinham morrido.

Tive casa, conforto, amor, carinho .

Tive almas que marcaram minha vida e transformaram minha maneira

de ver as coisas.

Mas sempre, em todos os momentos o céu foi meu teto permanente.