O HAICAI QUE NÃO PUBLIQUEI
A Copa do mundo passou. Muita tinta e papel foram gastos, sem falar dos gigabytes usados na web para explicar o fracasso da seleção comandada por Dunga. De minha parte, eu não acreditava mesmo que fôssemos conseguir bom resultado, em vista da mediocridade dos primeiros jogos. Mas depois da goleada contra o Chile, vislumbrei um raio de esperança.
O próximo jogo seria com a Holanda, aquela mesma seleção de uniforme laranja que em 1974 nos tirou das semifinais. Ficou conhecida como laranja mecânica ou carrossel holandês, em razão de um novo esquema tático, onde todos jogadores atacavam e se defendiam, independente das posições que ocupavam.
Em 2010 a seleção da Holanda, embora apresentando um bom futebol, estava longe de ser aquela máquina fazer gols que encantou o mundo. Era a vez de o Brasil dar o troco. Todo animado este babaca (eu) comecei a voar alto imaginando o sabor da desforra. Compus então o que seria um haicai espirituoso para celebrar a vitória.
Por que um haicai? Não sei. Só sei dizer que os três versos apareciam bailando em minha mente, àquela altura incensada pelo vinho. Fazia muito frio e lembrei-me do poeta Reneu Berni tão rigoroso nos seus kigos de inverno. Também não sei se eu tinha um kigo adequado. Mas o que um torcedor fanático não é capaz de fazer para exteriorizar a sua paixão?
Pensei então na metáfora da laranja que muito embora se colha o ano todo, tem o seu auge no inverno. Para não falar da copa do mundo que por essas bandas acontece nessa estação. O problema estava resolvido.
Num primeiro impulso, quis postar o haicai antes mesmo do jogo. Podia ser que não me sobrasse tempo depois, no embalo das comemorações que por certo aconteceriam. Mas, de repente, algo me conteve. E se o Brasil perdesse? Terminei colocando o haicai na pasta de rascunhos. Não deu outra. Amargamos derrota, como se viu, e os três versos ficaram dormitando na gaveta.
Hoje, vasculhando esses rascunhos, deparo-me com o dito cujo ali encolhido, envergonhado e me pedindo que o deletasse. Não obedeci. Preferi fazer uma crônica contando a história. O haicai? Bem, para matar a curiosidade do leitor, foi esse aqui:
Laranja mecânica
espremida virou suco
para canarinhos.
A Copa do mundo passou. Muita tinta e papel foram gastos, sem falar dos gigabytes usados na web para explicar o fracasso da seleção comandada por Dunga. De minha parte, eu não acreditava mesmo que fôssemos conseguir bom resultado, em vista da mediocridade dos primeiros jogos. Mas depois da goleada contra o Chile, vislumbrei um raio de esperança.
O próximo jogo seria com a Holanda, aquela mesma seleção de uniforme laranja que em 1974 nos tirou das semifinais. Ficou conhecida como laranja mecânica ou carrossel holandês, em razão de um novo esquema tático, onde todos jogadores atacavam e se defendiam, independente das posições que ocupavam.
Em 2010 a seleção da Holanda, embora apresentando um bom futebol, estava longe de ser aquela máquina fazer gols que encantou o mundo. Era a vez de o Brasil dar o troco. Todo animado este babaca (eu) comecei a voar alto imaginando o sabor da desforra. Compus então o que seria um haicai espirituoso para celebrar a vitória.
Por que um haicai? Não sei. Só sei dizer que os três versos apareciam bailando em minha mente, àquela altura incensada pelo vinho. Fazia muito frio e lembrei-me do poeta Reneu Berni tão rigoroso nos seus kigos de inverno. Também não sei se eu tinha um kigo adequado. Mas o que um torcedor fanático não é capaz de fazer para exteriorizar a sua paixão?
Pensei então na metáfora da laranja que muito embora se colha o ano todo, tem o seu auge no inverno. Para não falar da copa do mundo que por essas bandas acontece nessa estação. O problema estava resolvido.
Num primeiro impulso, quis postar o haicai antes mesmo do jogo. Podia ser que não me sobrasse tempo depois, no embalo das comemorações que por certo aconteceriam. Mas, de repente, algo me conteve. E se o Brasil perdesse? Terminei colocando o haicai na pasta de rascunhos. Não deu outra. Amargamos derrota, como se viu, e os três versos ficaram dormitando na gaveta.
Hoje, vasculhando esses rascunhos, deparo-me com o dito cujo ali encolhido, envergonhado e me pedindo que o deletasse. Não obedeci. Preferi fazer uma crônica contando a história. O haicai? Bem, para matar a curiosidade do leitor, foi esse aqui:
Laranja mecânica
espremida virou suco
para canarinhos.