DESLUMBRANTE CENÁRIO
Numa praça pública, cena digna de registro.
Uma jovem trajando-se humildemente – túnica de estopa, sandália de couro nos pés, destituída de qualquer vaidade, com rigoroso zelo aparava a barba de um mendigo. Este no banco da praça, quem sabe, desejando apenas observar o vaivém dos transeuntes. Homens e mulheres passeando com seus cachorrinhos. Crianças a correr freneticamente pelos corredores. Jovens enamorados se curtindo e curtindo a vida. Pessoas alegres, outras sisudas. Engravatadas e apressadas. Um movimento normal. Um dia qualquer.
Quem sabe, o mendigo, então, quisesse apenas se deliciar com o canto dos pássaros que por ali gorjeiam.
A jovem serva, de cândida expressão, serve, por amor. Dá sentido à vida. Eventuais desventuras não a preocupam. Ocupa-se de trazer ventura a quem pouco ou nada possui. Atende ao pedido silencioso do excluído.
A muitos, a atitude caritativa dessa jovem é jogo de cena. É deslumbramento que logo desaparecerá. É fugaz. É inócua. Sem sentido nos dias atuais. A sociedade materialista não comporta mais pessoas santas e simples que se ocupam de vagabundos.
Diante daquela cena, um entendimento e uma visão. Quão feliz é o coração de quem oferece, ao despossuído, carinho e atenção negados pelo mundo. De quem vive a caridade por inteiro nela transmitindo a presença divina. Simplesmente fazer o bem. Ignorar, por completo, as críticas que possam receber do mundo.
Lá do altíssimo, tudo é observado. Chuvas de bênçãos torrenciais descem sobre a praça naquele preciso precioso momento - um cenário deslumbrante!
Pessoas distraídas passam. Passeiam indiferentes pela praça. Deixam a vida levá-las ao sabor do vento...
Uma cena comum. Um dia qualquer.