Doce preguiça
Trabalhar é necessário, mas a preguiça! Ela é gostosa, doce preguiça!
Não consigo ter lazer se não descansar primeiramente. O fato é que não se consegue um bom aproveitamento dos momentos que nos dão prazer se estamos cansados. Não consigo curtir! Por isso, amanhã é domingo e desde já neste sábado começo a me preparar descansando, após quarenta e cinco dias de trabalho no mês, eu mereço!
Não sei o que farei amanhã! Mas tenho certeza do que não farei! Trabalhar.
Quero primeiramente harmonizar o caos mental em que me encontro e relaxar o velho corpo dolorido.
Não farei nada! Nada!
Não me importo se irei pescar, passear, almoçar ou jantar em lugar diferente, ao cinema, uma chácara com amigos, viajar, ir ao clube, não me importo! Quero somente aproveitar o melhor possível esta doce preguiça, que me traz uma sensação de bem estar, de liberdade, de desprendimento de tudo que me é impositivo. Sou livre e a preguiça me pertence! Somente escapará de minhas mãos quando o relógio despertar nesta segunda-feira, avisando-me que ela já se foi, se assim Deus permitir.
Nunca fui preguiçoso, embora goste desta palavra. Sei que a preguiça é prejudicial. Mas prefiro usa-la em lugar do ócio. Esse benéfico, no entanto pouco respeitado e entendido.
Esse ócio esquecido, de multidão delirante, fermentando os salários, para atingir metas e mais metas, num ciclo de stress sem fim, em sacrifico do sol da manhã e do fim de tarde. Este passar tão rapidamente, sem observar ou ter a possibilidade de refletir o que o cérebro já condicionou, não me permitindo re-olhar o que já vi numa conduta milimétricamente calculada pelo sistema, que nos foi envolvendo tão sutilmente, até que o ócio fosse pisoteado e esmagado, visto com preconceito e negativo aos olhos de muitos que preferem apenas a existência.
Deitado em minha rede vou relaxando, relaxando, doce preguiça! Ah! Doce preguiça!