DINHEIRO DO GUARDA
Quem diz que guarda recebe dinheiro nas estradas, mente,
Mente feio, Quem o afirma é um nosso amigo, simpático, falante e inventor contumaz de trocadilhos: Ângelo, Autêntico exemplar do italiano alegre e... comilão.
Numa viagem de Belo Horizonte ao Rio de Janeiro, ele contou– nos, de A à Z este fato verídico:
– Seus documentos, cavalheiro! Pede o guarda, sutilmente.
– Pronto aqui, seu guarda! Diz o motorista com educação.
– Os documentos do veículo? Pede o guarda, gentilmente.
– Ei-los aqui, seu guarda...! Diz o motorista, com prontidão.
– O que o sr. leva nessa Kombi? Pergunta o guarda, desconfiado.
– Vestidos da moda, diz o motorista, ressentido.
– É o senhor que os usa?! Estranha o guarda, divertido.
– Não! Eles servem para um desfile... balbucia o motorista, envergonhado.
– Mas não é 7 de Setembro! Diz, simiano, o guarda.
– O meu também não é um desfile patriótico! Diz, mugidor, o motorista. É o destile de modas da R...
– E... o cavalheiro tem...a nota fiscal da mercadoria? Pergunta o guarda, divertido.
– Hã... hum... bem... não, mas... Titubeia o motorista, envergonhado.
– Tenho que efetuar apreensão do veículo!... Diz o guarda, emproado.
– Será um transtorno, senhor guarda ... Diz o motorista, diminuído.
– A Lei é a Lei!! Diz o guarda, envaidecido.
– Deixa passar só... esta vez...! Pede o motorista, angustiado.
– Estou cumprindo a minha obrigação.
– Passe as chaves!! Sentencia o guarda, na maior.
– Por favor!! Pede ainda o motorista, na menor.
– Não !!
Bem... resignado, o motorista entrega as chaves, dizendo:
– É uma pena que não vai haver desfile. Eu só quero saber como é que o senhor vai explicar...!
– EU??!! Explicar o quê? Pergunta o guarda, desconfiado.
– Que o senhor segurou a roupa... do desfile... beneficente... que... a “Primeira Dama" do Estado está... hã... estaria promovendo daqui a uma hora... o Governador também não vai gostar... a TV já está lá...!!
– Mas eu não sabia, ora! Diz o guarda, conciliador. Assim a coisa muda. Tome as chaves de volta!
– Não!! – Afirma, retumbante, o motorista.
– Por favor, não me prejudique! Pegue as chaves e corra embora! – Diz o guarda suplicante, na menor.
– Cumpra a Lei, agora! Faça apreensão das roupas do Desfile da Primeira Dama, diz, vitorioso, o motorista, na maior.
E o guarda, desesperado, suplicante e humilde... enfia a mão no próprio bolso.
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O desfile foi um sucesso.
TODOS... na... IGUAL !!!