QUE MICO!

Era domingo e para agradar a filha, fomos almoçar no vegetariano. Logo que sentei, uma mulher lá do outro lado sorriu pra mim. Automaticamente respondi, mas com um sorrizinho amarelo, não fazia a menor ideia de quem poderia ser. Até olhei para trás, quem sabe a cumprimentada não era outra pessoa?... mas ninguém sorria para ela. Voltei a cabeça. Sozinha, a moça agora mirava o infinito enquanto degustava verduras e legumes. Acho que ela está assim de olho no nada porque se deu conta de que me confundiu com alguém, pensei. Depois fui me servir e acabei me distraindo em conversas. Quando a procurei novamente, ela havia sumido.

Alguns dias depois, ao entrar no quilinho que frequento, quem eu vejo ali sentada? A mesma moça! Que ao me ver, deu um sorriso... Desta vez o meu foi melhorzinho, afinal, quase já nos conhecíamos. Passei horas quebrando a cabeça, quem seria? Vasculhei a memória, mas nada consegui.

Na semana seguinte, no mesmo quilinho, lá estava ela servindo-se no bufê. Como quem não quer nada, fiquei ao lado da balança conversando com a proprietária, que é minha amiga. Assim poderia vê-la mais de perto e tirar a prova: ao se deparar cara a cara comigo será que me cumprimentaria? Será que falaria alguma coisa?... Passaria reto?... Ou seria eu a reconhecê-la, nossa, como é que não me lembrei?

Pois a moça passou e me deu outro sorrizinho, ao qual respondi, naturalmente. E continuei na mesma. Depois, perguntei se minha amiga sabia quem era. Sabia. Disse o nome e onde trabalha. Foi então que tive a certeza certíssima de que não a conhecia mesmo. Quer dizer, agora já ‘conheço’, né? Sua cara não me é mais estranha. Só falta mesmo conversar com ela...

Só Deus sabe quando. Ela desapareceu do mapa. Cansada de dar sorrizinhos a quem não conhece, só porque errou da primeira vez, agora ela deve andar por outros restaurantes, onde imagina que eu jamais vá entrar...