ARREPIO NA ALMA

Pensei que nada mais me impressionaria no cotidiano da vida. Até já escrevi uma crônica sobre isso. Mas, hoje, saindo do mercado, escutei uma conversa entre duas mulheres sentadas ao sol. Ao passar, ouvi uma delas dizer: "É minha filha, mas não vale nada. Se justiça existe, ela vai ter um câncer na boca e a língua vai cair aos pedaços". Fiquei horrorizada! E, se isso é possível, senti um "arrepio" na alma. Um aperto no coração, uma tristeza que tocou as fímbrias do meu ser.

O que leva uma mãe que, pelo menos na teoria, é o ser que mais ama o filho, que é capaz dos maiores sacrifícios por ele, dizer uma coisa dessas? Pois, para mim, é uma praga que ela rogou. Será que praga de mãe se concretiza?

A que ponto chegamos... Onde está a compreensão do erro alheio, seja filho ou não? Onde está o nosso dever de auxiliar os espíritos menos esclarecidos, inferiores ainda, desconhecedores das leis que regem o Universo?

Não estou criticando a mãe que falou essa barbaridade. Não sei da história delas. Nunca se deve condenar alguém impulsivamente. Todas as pessoas têm uma razão para agir da maneira que agem. Talvez seja ela também um ser ainda longe da solidariedade, da compreensão, do sacrifício. Talvez esteja cansada dos desmandos da filha e se sinta impotente para ajudar. Quem pode saber?

Relato apenas porque vi que ainda consigo me chocar com certas coisas. Acho que sou sensível demais. E fiquei triste com essa expressão lamentável, vinda de um coração de mãe. Só peço a Deus que, na sua infinita bondade, suavize essas almas e deixe penetrar em seus corações a luz e a paz.

Giustina
Enviado por Giustina em 29/07/2010
Reeditado em 14/02/2014
Código do texto: T2407020
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