Benjamim, poeta dos clamores do povo

Esse Benjamim de quem falo é um poeta itabaianense, professor da Universidade Estadual de Campina Grande, vasto e extremoso humanista. Uma das principais marcas do nosso tempo é a falta de solidariedade e de amor ao próximo. Isso sobra em Benjamim, e também há em grande quantidade nesse mestre o talento poético, ponteando o tecido social com seus jogos de palavras geniais. É o amor pela humanidade puxando benjamim e a poesia puxando esse amor. E tem também o seu bem querer pela cidade de Itabaiana, onde viveu sua infância e adolescência, assim como esse velho blogueiro. Acho que é um dos poetas mais representativos do que Itabaiana tem de melhor, e olhe que aqui é o lugar do Brasil onde se encontra mais poetas por metro quadrado, como bem diz o poeta de Deus, Antonio Costta.

Atentai para esse poema de Benjamim:

Clamores do Povo

Ouvi dos clamores do meu Povo.

Ouvi os clamores dos Povos de Palmares,

de Catende,

de Águas Pretas

Povos abatidos pelas furiasas águas do Una,

pela ganância do canavial-latifúndio

Ouvi clamores

do meu Povo criador de burros, feirantes da beira do açude,

do meu Povo da Vila dos Teimosos, da Biblioteca de Santo da Terra

do meu Povo do Ligeiro

do meu Povo Indígena, os Povos Indígenas Brasileiros,

Xukuru, Tabajara, Potiguara . . .

do meu Povo Cirandeiro das Caianas,

do meu Povo dos Terreiros, da Jurema. O povo da Capoeira,

Povo do Talhado, do Grilo,

Pedra D'Agua, Matão, Pitombeiras . . .

O Povo Negro Brasileiro

Povo Negro Africano, de Cabo Verde . . .

Ouvi os clamores do Camponês, injustiçado,

analfabetizado,

Dos estudantes trabalhadores, dos estudantes filhos deles,

dos estudantes da noite. . .

que estudam de madrugada

Ouvi seus clamores junto com poetas, cantores,

estes seres sonhadores,

sonhei com a nova cidade

fiz da universidade prego, martelo, alicate,

agulha de alfaiate,

e desenhei a modelagem

de uma nova estrutura nasça a nova roupagem,

a nova sociedade

Pondo a tristeza fora

Clamores não hajam mais.

o balanço da ciranda,

o batuque do atabaque,

-qu'o povo não sofra ataque-

o que devo querer mais: zabumba xote sanfona,

baião e cabocolinho,

cinquenta cavalo marinho,

queima o frevo no salão,

maracatu campeão,

pipocando no xaxado,

tudo ficando ajustado,

minino barriga cheia, o rio bem comportado

Viva a Vida Nova

Meu Povo no seu Reinado.!!!

Fábio Mozart
Enviado por Fábio Mozart em 29/07/2010
Código do texto: T2406054