Não ganhei nada
“Nós ganhamos o que guardamos”. - Do contrário, apenas se trabalha para as necessidades e sustento, mas não se ganha nada. Esta frase é de um velho amigo, que tinha como hábito sempre guardar uma pequena quantia do seu salário.
Ele dizia que tínhamos que poupar para o futuro, termos uma pequena reserva para casos imprevistos. Nunca discordei da idéia e confesso que várias vezes tentei colocar na caderneta de poupança alguns trocados, mas nem se quer criavam raízes e já era preciso sacar.
A verdade é que não se pode gastar mais do que se ganha segundo especialista e o bom senso de cada um. Hoje, me dou por satisfeito quando o salário empata com as despesas e não atinge o vermelho, portanto não ganhei nada durante o mês.
Não tenho dúvida de que a idéia é excelente e faz parte da rotina de muitas pessoas, mas que possui um salário relativamente expressivo ou ao menos diferenciado da maioria da população.
Embora o salário mínimo do brasileiro tenha aumentado significativamente nos últimos anos, estamos muito aquém de, com nossos pequenos salários, suprir as necessidades de alimentação, vestuário, médico, escola, transporte, o tão esquecido lazer e por fim pouparmos uma pequena quantidade.
Um pouco de dinheiro guardado nos traria segurança, confiança, sensação de dever cumprido, de que as coisas estão caminhando certas, sonos tranqüilos, longe de prestações infindáveis e cartões de créditos sendo pago somente o mínimo.
Mas será que conseguimos? Diante de tanta tecnologia, tantos produtos fantásticos, tantas inovações do homem, deixadas ao nosso "alcance” através deste apelo pelas facilidades e beleza que nos oferecem.
Difícil resistir e não fazer parte deste contexto. Ridículo seria ignorá-los e não participar da história, afinal toda esta inovação fantástica com que somos bombardeados diariamente, serão tão primitivas, daqui a alguns anos, que se não usássemos poderíamos nos arrepender e estarmos completamente fora da realidade social, como se neste momento eu estivesses com minha velha máquina de escrever portátil Remington, lançando estas palavras.
Ideal seria: interarmos diante deste oferecimento de vantagens para as coisas que nos satisfazem e nos beneficiam diretamente. Sem consumo compulsivo, sem extrapolarmos e ir além dos salários que recebemos, pois tudo é relativo, participarmos deste momento conscientemente, sem nos privarmos das coisas boas, mas gradativamente, uma a uma ao seu tempo, talvez assim possa sobrar alguns trocados para a poupança difícil e tão esquecida.