FUJA DO PRIMEIRO GOLE

A ciência já comprovou que o alcoolismo é uma doença que atinge milhões de brasileiros e causa inúmeros transtornos familiares, sociais e pessoais. O alcoólatra, portanto, necessita de tratamento médico, atenção e cuidados especiais que devem ser proporcionados pela família, principalmente. Sem esse acompanhamento profilático da medicina e o carinho daqueles que o amam a tendência do pobre alcoólatra é deparar-se com um melancólico fim no estágio terminal da vida. Viciado na bebida, perdendo a postura, a dignidade e o equilíbrio de suas atitudes, e sem controle dos próprios gestos, o pobre indivíduo se degrada e se joga na sarjeta, ao abandono. Em não havendo quem se preocupe com ele, mais e mais vai afundar no abismo sem volta da embriagues.

Para chegar a esse malfadado estágio de derrocada na vida a triste figura percorre um longo caminho perambulando por bares e se embriagando cada vez com mais freqüência. Mas isso não acontece de um dia para o outro, é sobremodo gradual e contínuo. Nem, é claro, alguém vá ser forçado a ingerir bebida alcoólica sem estar querendo. A doença do alcoolismo surge após o primeiro gole e os subsequentes se não houver disposição, força de vontade e autocontrole para saber o momento certo de dizer "basta" e permanecer firme nessa decisão. Como é notório, o princípio de todo esse processo degenerativo das condições humanas no alcoolismo pode estar naqueles drinques sociais que parecem inocentes a princípio, o "beber socialmente" do qual se ufanam tantos, porque dessa fonte inicial um verdadeiro rio de amargura talvez surja lá adiante, em pouco tempo. Vai depender naturalmente do esforço em recusar os constantes oferecimentos dos "amigos", os convites diários para o famoso "happy hour" e para as festas normalmente regadas com grandes quantidades de bebidas. As tentações são muitas e variadas pois tudo no cotidiano concorre para conduzir o ser humano ao alcoolismo.

No começo, a pessoa bebe porque realmente quer e muitos, mesmo, não sabem dizer não a um copo cheio de cerveja. Aliás estamos todos cientes de que nos tempos atuais qualquer ocasião é motivo para beber, seja o fim de semana, o entardecer com os amigos, um churrasco familiar, uma reunião qualquer, não tem jeito, todas as coisas terminam em bebida como na política quase tudo finda em pizza.

Por que cedemos à bebida? Por vergonha de não agrupar-nos com os que bebem, temendo ser diferentes, não querendo ser "mané", porque beber é "chic", porque a grande maioria bebe e precisamos acompanhar essa "procissão" irreverente...a relação dos motivos é longa. Não acredito que tenha sido saborosa a bebida tomada pela primeira vez. Nenhuma delas, nem whisque, nem cachaça, nem cerveja. Ao ingerí-la, seria o momento de nunca mais repetir a dose, porém o sujeito se envergonha de dizer que não gostou. E bebe mais, e mais, e mais até viciar-se.

Os jovens são os mais suscetíveis às bebidas. Para terem coragem de conquistar a garota desejada, bebem; para não fazerem feio no motel, bebem; para não darem bobeira entre os amigos dizendo que nunca beberam, bebem. E as propagandas de bebidas na mídia? Exibem mulheres lindas de biquini e caras bem apessoados com vistas a deixar claro que ser lindas e gostosas, no caso dela, e fazer caras e bocas de machão, no caso deles, entornando os copos cheios de tal ou qual drinque, é charme. Poucos resistem a esse apelo publicitário. Então, o número de alcoólatras aumenta assustadoramente.

Qualquer um pode e deve negar-se a tomar o primeiro gole caso não deseje enveredar pelo universo do álcool. Basta ser direto e firme ao pronunciar a frase "não, eu não bebo!" Se a turma com quem está disser piadinhas e fizer gracejos em virtude de sua opção, dê de ombros, leve na esportiva e continue predisposto a não ceder. Afinal de contas, cada um escolhe os caminhos segundo sua própria determinação, não se deixando influenciar por nada ou ninguém. E lembre-se: beber socialmente é somente um eufemismo para muitos que um dia, provavelmente, se tornarão dependentes da bebida.

Sendo o alcoolismo uma enfermidade reconhecida pelo Ministério da Saúde, não se contamine, diga não aos convites para beber. Se você perder dois ou três amigos em razão disso pode ter certeza de que verdadeiramente eles não poderiam ser considerados assim, terá sido até muito bom deixá-los de lado. Amigos não pressionam seus pares para beber. Se realmente são amigos e dão valor ao seu bem-estar compreendem e aceitam se você ou qualquer participante do grupo não participa da bebedeira. Quando o homem voluntariamente adentra o mundo da dependência alcoólica quase sempre não tem saída. As tristes histórias de muitas famílias destruídas por causa da bebida estão em todos os lugares para corroborar essa verdade.

Gilbamar de Oliveira Bezerra
Enviado por Gilbamar de Oliveira Bezerra em 28/07/2010
Reeditado em 04/08/2010
Código do texto: T2405410
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