Adiós, minha tão nobre... lixeira!
Pois e não é que ontem roubaram a minha lixeira. Levaram-na assim como a minha havaianas, como a furadeira, o martelo, a wap para lavar a calçada. Na verdade eu acho é que fumaram a coitada da lixeira. Digo isso porque tenho uma laia de vizinhos que pelo amor de Deus, só não fuma a si próprio porque o organismo já estã tão estragado que nem vale a pena, senão…
Coisa de drogado. Rouba aqui, vende ali. Pior seria se eu saísse de casa e visse a lixeira na casa do vizinho.
“Pera aí, essa lixeira é minha!”
“Tua o cacete! Comprei hoje mesmo.”
Acontece nas melhores famílias, e nas piores também. Da última vez que o vizinho roubou coisas da sua própria casa levou uma micro-onzada nas costas. Só deu para ouvir o “ai” e o barulho de um micro-ondas rolando rua abaixo. Motivo? Vendeu a bicicleta da irmã para comprar drogas.
A lixeira, tadinha, foi ganhada com tanta dificuldade. Fui eu quem consegui fazer a proeza de ganhá-la no bingo da igreja. Ela já estava aqui em casa desde… desde, bem desde sempre. Cresceu comigo, guardou tantas coisas minhas. Alimentava-se daquilo que para nós já não nos servia. Foi uma boa amiga. Sempre ali ao lado da caixa de correio, que diga-se de passagem um pouco antipática com sua boca de risco à espera de um segredo, ou uma conta.
Tantas coisas para se roubar, logo uma lixeira. Levassem de vez o portão enferrujado, ou o relógio d’água, mas a pobre da lixeira não dá para aceitar. Ao menos se tivessem levado o lixo também, mas…1
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