O POUSO DA ÁGUIA ...

 

   Com as majestosas asas bem abertas , a soberana dos ares plana suavemente por sobre as brancas nuvens .

   A brisa fria do amanhecer conduz a magnífica ave que docilmente se deixa guiar pelos instintos que a levarão de volta a segurança do seu ninho. Ela vai em direção a enorme bola dourada que surge por trás da montanha e ao longe outros pássaros menores saem em busca de alimento.

   A águia move vigorosamente as asas e num único impulso alcança uma altura maior, bem acima do nível das nuvens.

  Com sua visão privilegiada percebe como o despertar do dia faz com que lá embaixo pareça que tudo e todos acordaram ao mesmo tempo.

   Às vezes ela se sente tentada a descer, pousar naquela campina verde com pastos viçosos e poder ver de perto aqueles animais maiores , que diferentes dela caminham sobre quatro patas.

   Os raios do sol iluminam suas penas que ficam ainda mais douradas e nesse instante ela sente algo parecido com um arrepio.

    N sua memória vem a imagem da companheira e da sua prole. Embora não se possa medir e nem imaginar se no coração de uma águia exista algum tipo de sentimento, certamente não é só por instinto que ela defende seu território, a companheira e a prole com garras afiadas, não se importando de entregar sua própria vida pelos que ela protege com tanto carinho.

   É provável que alguém já tenha dito ou escrito que águias não choram. Eu discordo. Elas choram sim, talvez sem derramar uma só lágrima , mas elas choram. Se entristecem e isso  porque apesar da aparência, elas têm muitos sentimentos bons.

   A montanha está mais próxima e o sol já não se esconde por trás dos seus picos. A soberana dos ares olha mais uma vez para baixo como se estivesse desdenhando os problemas da vida quando vistos do alto , outra vez bate vigorosamente as asas e após uma suave curva começa a descer mais lentamente e pousa no aconchego do seu ninho quase que sem fazer ruído.

   Abrindo levemente o bico como se tentasse imitar o sorriso humano ela observa atentamente a companheira e os pequenos filhotes.

   Seus olhos brilham de satisfação. É muito bom estar de volta ! Sempre muito bom …..

 

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...................e chegam ao fim os meus delírios em forma de trilogia............


(...imagem presenteada  por uma querida poetisa.....)

WRAMOS
Enviado por WRAMOS em 28/07/2010
Reeditado em 09/03/2013
Código do texto: T2404779
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