COMO ERA GOSTOSO O MEU FRANCÊS
Ontem, pensei que fosse aproveitar um dia ensolarado à beira-mar. Não cogitava ir à praia, apenas passear pela cidade de Bertioga, que eu conhecia somente de passagem. Mas já na serra a chuva começou e não parou mais.
Contávamos visitar o Forte de São João, a primeira fortificação do Brasil feita pelos portugueses, aliados aos Tupiniquins, para se proteger dos ataques da tribo vizinha que chegava de São Vicente através do canal. Pude imaginar o alemão Hans Staden, que havia naufragado na região e foi contratado como artilheiro no Forte. Depois, capturado pelos Tupinambás, o levaram para Ubatuba, onde permaneceu por longa temporada à espera de ser morto e devorado. E quando os Tupiniquins atacaram aquela tribo, sem escolha, teve que lutar contra seus amigos. Algumas vezes tentou fugir, pegando carona em navios europeus que por lá passaram, mas lhe negaram, para não entrar em conflito com os índios. Só mais tarde conseguiu ser resgatado por corsários franceses, que o trocaram por mercadorias.
Lembrei do filme ‘Como era gostoso o meu francês’, inspirado nessas passagens de sua vida. Nele, as línguas faladas eram o tupi e o francês e os atores se apresentavam nus como na realidade indígena. Obteve vários prêmios. Lembrei também que eu estava em Paris quando ele foi exibido nos cinemas de lá com enorme sucesso. E daqui por diante só vou lembrar das nuvens cinzentas e da chuvarada que não passava e não me deixou visitar nada...
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Como era gostoso o meu francês é um filme brasileiro de 1970, dirigido por Nelson Pereira dos Santos.