Galeria dos personagens que habitam ou habitaram a Terra do Nunca

Galeria dos personagens que habitam ou habitaram

a Terra do Nunca

A árvore genealógica do Narrador

Pedro Cruvelo (Pedro Marçal dos Santos - Bisavô materno do Narrador), Pai de Raimundo Cruvelo, tido e havido como um ex-caçador de escravos foragidos, capitão do mato, um cafuso que pegou a unha, (como até os dias de hoje, à beira das fogueiras, se conta na Terra Vermelha) a indígena Maria da Anunciação, a vó Nucia. Dele me lembro (ao contrário do velhinho desbotado e encarquilhado que vi umas poucas vezes ainda em vida) de uma fotografia já esmaecida, quase apagada pela ação impiedosa do tempo, em que o mesmo montava garbosamente um alazão que ainda dava pra perceber ter sido bem lustroso e ajaezado.

Maria da Anunciação (bisavó materna do Narrador, casada com Pedro Cruvelo.) Todo o cabedal que tenho guardado de minha vó Nucia, é a lembrança de uma figura minúscula, uma indiazinha de olhos lacrimejantes e cabelos escorridos, sempre vestida de preto, pois pouco ou quase nada, deixou...

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José Leão (Bisavô materno do Narrador) Pai de Maria Pequena foi descrito para o Narrador como um homem afável, de pele muito branca e olhos azuis. Segundo Dona Maria pequena, José Leão, seu pai, era de origem portuguesa, tendo se radicado no Brasil e vivido todo o tempo de sua existência nos Campos do Amaro, numa propriedade polvilhada de cajueiros ao lado de sua mulher, dona Maria Escolástica.

Maria Escolácia (Maria Escolástica) (Bisavó materna do Narrador) Tenho poucas informações desta minha antepassada de nome tão pouco ortodoxo. O que sei é que ela e meu bisavô José Leão se amavam muito, tendo gerado três filhos homens (Otávio, Manoel e Joaquim) e uma filha mulher (Dona Maria Pequena).

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Bisavô paterno do Narrador (Esta informação não constava mais da combalida mente do meu pai, quando da última vez que com ele conversei a respeito.)

Bisavó paterna do Narrador (Segundo informações do meu pai, o pai dele, Pedro Seleiro, abandonou Maria Profeta com os filhos ainda pequenos, razão pela qual ele próprio não tem dados de seus avôs.

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Manoel Seleiro (avô paterno do Narrador) Toda a documentação que tenho a respeito desse personagem tão importante me veio através dos relatos fragmentados, e extraídos a fórceps, de meu pai, que me deu conta de que o ilustre artesão viveu seus últimos dias a fabricar selas e sapatos no Extremo sul do estado da Bahia.

Maria Profeta (avó paterna do Narrador) Este poderoso nome, mistura da presumida mãe de Jesus e de um qualquer profeta bíblico, é toda informação que o meu pai me passou a respeito da mãe dele, minha avó Profeta.

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Raimundo Cruvelo (Raimundo de Oliveira Santos, avô materno do Narrador) Um homem que deve ter herdado muitos genes do pai biológico, dado a extrema virulência com que enxergava a vida é tudo o dela fazia parte. Afora essa característica esquizofrênica, era possuidor de uma inteligência muito acima da média, capaz de aprender sozinho artes tão diversificadas como: fabricar sapatos, curtir couros e fabricar perfumes. Raimundo Cruvelo reinou como delegado calça-curta (Sem diploma de bacharel em direito) durante muitos anos na cidade de Gongogi. Ele era o terror dos raros ladrões de galinha que se atreviam a aparecer pela região.

A força da palmatória e da chibata na cadeia pública de Gongogi era lendária.

Maria Almeida Santos (Maria Madalena de Jesus, avó materna do Narrador) Minha avó não achava muito elegante o nome que lhe pespegaram na pia bastimal, adotando depois o nome de Maria Almeida Santos, o qual julgava mais de acordo com a sua origem portuguesa e era o nome que me pedia para colocar nas cartas que eu escrevia para ela, geralmente endereçada aos filhos, moradores de São Paulo. Dona Maria Pequena, apelido familiar que lhe foi colocado para diferenciá-la de tantas outras Marias existentes na família, nunca aprendeu a ler, o que não a impedia de negociar bordados por toda a região cacaueira enquanto suas forças lhe permitiram. Além disso, minha avó nunca deixou de palpitar nas campanhas políticas de Gongogi, defendendo os seus candidatos (Muito embora nunca tivesse votado em nenhum) com unhas e dentes, nas acirradas discussões mantidas com toda a vizinhança. Ai de quem se atrevesse a fazer campanha do adversário próximo do campo visual de Dona Maria Pequena. A represália era mais do que certa para o desinfeliz que se arriscasse em tão perigosa empreitada.

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Mandinho (José Amândio Silva, pai biológico do Narrador) Extraordinário oficial-sapateiro, capaz de desenhar qualquer sapato vislumbrado num mostruário, além de admirador das músicas de Nelson Gonçalves e Orlando Silva, com as quais passava as noites nos botecos de Tobias Barreto, tendo sempre uma calçada para ampará-lo quando a embriaguez o vencia e não mais conseguia achar o caminho de casa. Mandinho era um violonista de bons recursos, que se casou com parcos dezoito anos de idade, tendo abandonado a mulher e os filhos já aos vinte e dois anos, vencido pelo álcool. Andou perambulando por vários estados da federação, até que finalmente foi internado num hospício para loucos, do qual foi retirado por alguns amigos fiéis após dois anos de internação. Depois desta não tão promissora experiencia dentro de um hospício, Mandinho livrou-se do vício da bebida e foi repatriado para a cidade dos anões (Itabaianinha-SE) aonde se encontra até os dias de hoje.

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Lurdes de Raimundo Cruvelo - Maria de Lourdes Santos (mãe biológica do Narrador) Mãe pela primeira vez aos catorze anos de idade, dona Maria de Lourdes foi a filha mais velha de dona Maria Pequena, tendo se casado na igreja católica de Tobias Barreto com pouco mais de treze anos, na correria típica de pais que não querem passar pela vergonha de ter a filha como mãe solteira. Não tinha a mesma habilidade das suas duas irmãs para as artes do bordado, no entanto, dentre as três, era ela quem melhor cantava os sucessos musicais da década de sessenta. Depois de se desentender com as suas irmãs Dona Maria de Lourdes arribou para o promissor Sul baiano, em demanda de uns parentes distantes, os Barreto, deixando os quatro filhos que gerara até então para trás. Dona Maria de Lourdes só foi ser recontatada pela sua família dez anos depois, já casada com um filho dos Barreto, e com mais um filho na conta...

(Aqui se encontra alinhavada, ladies and gentlemens, a árvore genealógica do Narrador, este escriba.)

Aprendiz de Poeta
Enviado por Aprendiz de Poeta em 27/07/2010
Reeditado em 05/12/2019
Código do texto: T2403425
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