A responsabilidade é de quem?

Os brasileiros levam a sério Homer Simpson, que cunhou a seguinte frase: “A culpa é minha, e eu coloco ela em quem quiser”. Cada vez que acontece algum infortúnio, aliás, essa palavra não seria a mais adequada, já que as tragédias humanas estão se tornando regras e não exceção.

A dimensão que alguns casos tomam, como no caso Nardoni ou quando envolvem famosos, geram debates e discussões, que se esvaziam rapidamente, tal qual o interesse pelo caso na mídia. E quando muda alguma coisa, raramente muda, modifica apenas no papel, não sendo efetivada na mentalidade do povo. As leis nascem mortas.

Recentemente no caso do jovem músico morto por atropelamento num túnel carioca, vimos um super-dimensionamento do caso pela profissão da mãe, porém, logo direcionado aos policiais que atenderam ao caso e exigiram propinas para acobertar os fatos. Nesse caso, pela repercussão midiática do atropelamento, “a casa caiu”, como dizem, e os policiais foram desmascarados. De repente, parece que, a culpa recai sobre os policiais.

Geralmente em casos assim, há muitos culpados, mas no andar anímico da justiça, fica “um tal” de acusa daqui, muda depoimento de lá, e no fim, quando tem fim, é feliz para os culpados e só resta a dor para quem viveu a perda. Nada justifica a violência. E a busca por um culpado, às vezes, violenta mais ainda, e as injustiças corroem o que sobrou.

Quando o estado perde a cabeça, os pés pensam que mandam, e cada um vai para um lado, os corruptos assumem as veias do sistema, e nas zonas periféricas, quem tem um dedo é rei. Os criminosos dominam as lacunas acéfalas do poder público e ninguém mais identifica quem é o mocinho e o bandido, e na maioria das vezes, nem um os dois, sabe de que lado está.

Infelizmente, precisa de pessoas famosas tornar-se vitimas de crimes ou serem agentes destes, para tomar dimensão suficiente para gerar discussões e algumas tímidas mudanças. E não são fatos novos, os telejornais estão recheados de cenas diárias das mais chocantes possíveis com pessoas comuns, órfãs do sistema, e ninguém se responsabiliza pelo sangramento de vidas na republiqueta, só a urna salva.