POR QUE PROCRIAMOS?

Nós, seres humanos, estamos espalhados por todo o globo. O mundo está infestado com nossa raça, espalhamo-nos assustadoramente rápido e dominamos o controle da maior parte terrestre do planeta.

Porem, por sermos os únicos animais racionais de que temos conhecimento, deveríamos ser justamente os únicos a não procriar. Sim. A espécie deveria ter sido extinta há muito tempo, pelo inteligente fato de recusarmos a dar-lhe continuidade.

Isso se dá pelo fato de a grande maioria de nós não ser capacitada para criar outro ser humano. Animais irracionais alimentam seus filhotes enquanto eles ainda não têm condições de fazê-lo sozinhos, o resto, o instinto fará. Mas nós, seres racionais, somos extremamente complexos e difíceis de formar, o que faz com que a tarefa de dar vida a um descendente seja a mais difícil de todas, pelo trabalho da continuidade; a formação do caráter.

Caráter não é bagagem genética, é a psicossomática das primeiras impressões. É difícil falar disso num mundo cheio de criminosos e pessoas mentalmente desequilibradas, mas é isso que o torna necessário.

Preparo psicológico e domínio absoluto de autocontrole é o que todos deveríamos ter antes de pensar em criar nossos filhos. O amor, o carinho e a boa educação realmente não têm paga, mas infelizmente não são suficientes. Palavras erradas, comportamentos inadequados muitas vezes imperceptíveis são peças da fábrica de pessoas frustradas e complexadas.

Uma mulher estava nervosa, seu dia havia sido péssimo, quando chega em casa, sua filha de 4 anos a recepciona com os cacos de um vaso na mão:

-Mamãe, quebrei. Foi sem querer.

-Mas você é uma desastrada, porque não presta atenção ao que faz?

Nesse dia, a menina aprendeu uma grande lição: aprendeu a mentir.

Se punirmos de forma pejorativa nossos filhos quando nos contam a verdade, estamos criando mentirosos, se lhe dizemos palavras depreciativas, estamos criando pessoas tímidas e complexadas.

Um pai deseja despertar no filho adolescente o desejo de vencer na vida e conquistar grandes coisas. Ao vê-lo, começa o comentário ininterrupto:

-Sabe filho, aquele Jorginho, filho do vizinho já está na faculdade com 17 anos, fiquei sabendo que já tem dinheiro na poupança pra comprar o carro que ele quer, só está esperando tirar a carteira. Fico tão triste ao ver que você com quase 20 ainda não fez nada!

Se compararmos nossos filhos com terceiros, estamos criando pessoas com sentimento de inferioridade e incapacidade.

Quando falamos em formar caráter, os fins jamais justificam os meios. A intenção sempre é boa, mas não temos o dom de saber quando lidamos com pessoas que conseguem construir escadarias de pedras, ou quando lidamos com pessoas de sentimentos frágeis, que acabam guardando no subconsciente, coisas que podem acabar com suas vidas, ou lhes custar fortunas em analistas.

Isso é muito sério e muito triste. É terrível ver crianças dia a dia nascendo em famílias desestruturadas. É terrível saber que magoamos as pessoas que mais amamos, por amor. Dói ver casos populares de violência que julgamos com calor, como o de certo ex goleiro de um determinado time do país, e saber que há pais chorando que poderiam ser eu ou você. É triste ver um jovem nas drogas, é triste visitar alguém num hospital psiquiátrico, é triste tomar três tipos de remédios controlados por não ter mais autocontrole.

Senhores pais, o trabalho não é inteiramente nosso, mas a maior parte dele cabe a nós fazer.