NOSSAS PRANCHAS

Lêda Torre

Nascida no povoado de Santa Fé (MA), meio ao babaçual, muitas palmeiras lindas enfeitavam o lugar, paisagem pra ninguém botar defeito, capricho de Deus, nesse pedacinho do meu Maranhão. Pois bem, dona Creusa, minha mãezinha, quando menina, a caçula, entre as meninas maiores, irmãs, primas, moçoilas, e até jovens casadinhas, gostavam de aprontar, aquela coisa de infância, que a gente nunca esquece.

Quando iam pra roça, ajudar o seu velho pai, primeiro tiravam uns momentos pra brincadeira. As mais velhas, por terem mais forças, conseguiam tirar umas “concas” de coqueiros, parecendo mesmo umas pranchas, meio curvadas, digamos assim, subiam em pequenos morros e de lá escorregavam em suas “concas” sobre aquele barro piçarrado com pedrinhas de cascalhos, que deslizavam como se fossem mesmo suas ondas, imaginem só!

E a meninada fazia seus movimentos acima, abaixo e iam serelepes a deslizar sobre aquelas pedrinhas bem lisas. Só que de repente em suas inocentes atitudes, caiam na real, nem lembravam que alguém lhes esperava com um “relho” de couro de boi, curtido, com a cara amarrada, pense! O senhorzão, como era conhecido, às vezes dava nas meninas...às vezes o velho sermão lhes bastava. Ainda bem. Mas mesmo com o coração na boca, por assim dizer, faziam de conta que nem era com elas. Que coragem e descontração! Eram assim nossas meninas, não muito diferentes das nossas jovens de hoje, só que em versão diferentes, não é....

____________Colinas – MA 27.07.2010__________________

Lêda Torre
Enviado por Lêda Torre em 27/07/2010
Reeditado em 03/06/2015
Código do texto: T2403277
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