Carta  ao pedaço de um grande amor que se foi.
Alexandre Menezes

            Como é difícil para ele suportar a idéia de ter como lembrança. Assim tenta enxergar bem menos de uma semana. Engana-se quem espera o encontrar depois de amanhã. É que não suportará ao ver uma fotografia com seu sorriso e   certas datas para lembrar o início e o fim dos seus dias.

            Não se recusa a acreditar, muito triste, sabe que já não existe mais. Tenta as próprias lágrimas enxugar à noite sozinho um pouco antes de deitar. Por mais que pareça estranho, faz isso há cinco dias, chorando, aprendeu a rezar porque dormir  não conseguia.

            Sonhou em vê-la no altar de outra maneira. E que as flores utilizadas pra enfeitar não teriam cheiro de tristeza. Quis ver sua maquiagem borrar e rir do seu choro de alegria. Depois dizer que com tanta beleza não precisaria retocar como de costume fazia. Sabe que nada disso lá encontrará, logo, mais um motivo para não ir. Entenda, nunca pensou em relembrar o seu dia de partir.

          Caso num sonho aparecer, diga para não se preocupar e que vidas diferentes irão viver e  felizes devem ser.  Diga também que por onde está agora tudo é belo e evolui a cada dia  e que se fosse diferente, espiritualmente, em nada cresceria. Deixe claro que o sentimento de ambos deve por um tempo adormecer porque só assim poderão juntos suas vidas, numa mesma história, voltarem em breve  a escrever. 

OBS- Da caixa de trecos. Datado de 1996.

           
Alexandre Menezes
Enviado por Alexandre Menezes em 26/07/2010
Reeditado em 26/07/2010
Código do texto: T2401478
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