Um Abraço Histórico

Mais de 30 anos depois, vou ao reencontro de uma família de quem fui vizinho ainda na minha juventude. A distância não vai além de quatro horas de carro ou meia hora de avião. Entretanto, em face do pequeno percurso aéreo, nem sempre há disponibilidade de voo direto.

Em razão das fortes chuvas que provocaram estragos em várias cidades de Pernambuco e Alagoas, indo de carro teria de fazer um desvio ou enfrentar buracos, pela estrada habitual. Faço uma pesquisa na Internet, em várias companhias aéreas, na esperança de encontrar voo direto, no dia desejado. Encontrei passagem para ida, sem retorno para o dia seguinte, conforme a minha programação. Fui a uma empresa de ônibus e garanti o retorno, comprando antecipadamente a respectiva passagem. Pronto: posso cumprir o meu compromisso de honra, atendendo ao desejo de fazer a visita ainda no corrente mês. O principal alvo era a matriarca da família, uma senhora já bastante idosa, mas gozando de toda a sua lucidez, revelada pelos recentes telefonemas.

Só não foi maior a surpresa, porque houve um pequeno engano no número da casa, pelo que tive de telefonar, quando já me encontrava na sua rua. Fui acolhido com um caloroso abraço da matriarca e de suas três filhas que com ela residem. Entre as lembranças do nosso passado, inúmeras fotos da cidade onde morávamos, hoje submersa pelo lago de Itaparica, que cobriu três cidades, entre elas a nossa Petrolândia.

Aproveitando ali a minha presença, uma das filhas fez uma ligação telefônica para uma de suas irmãs, com quem tive um ligeiro contato, mas de grande valor, pela nossa estima.

Sabe Deus e nós também que não será possível adiar outro reencontro pelo mesmo tempo. Com certeza, teremos de abreviar o máximo possível para que possamos reviver outros deliciosos momentos com toda a família que é bastante numerosa. Por enquanto, o abraço histórico ficou restrito a quatro mulheres maravilhosas, que muito dignificam o nome da família. Voltei feliz, mas com um sentimento de ingratidão por tanto tempo de ausência. Tem razão o cantor José Augusto, quando diz em sua canção: “De tanto correr pela vida, esqueci de viver.”

Irineu Gomes
Enviado por Irineu Gomes em 26/07/2010
Reeditado em 09/08/2010
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