Um Lenitivo Que Seja.

Ontem choveu o dia todo.

As pessoas andam nervosas nesses dias de notícias de fim dos tempos, de aquecimento global, de perpetuação do mal e coisas e tal. Uma criança é arrastada fora do carro, presa ao cinto de segurança, que por vezes não dá nada de segurança, só desesperança, por sete quilômetros por criminosos, menores delinqüentes. O Mundo parece perdido. O demônio anda à solta a espreitar as falhas humanas.

Não estou aqui para reclamar, pois o que me motiva é o trabalhar para saciar minha ânsia cognitiva, meus desejos de caminhar, ser feliz e minha espécie perpetuar, viver e amar, e quem sabe um dia residir à beira-mar.

Alguns homens são maldosos, hominídeos, pré-históricos, rústicos e crepusculares; porém outros há que vivem a primavera e são frondosos e honram o surgimento da vida mesmo sabendo serem espectros de poeiras estelares.

Vou almoçar, progredir para que meu exemplo permaneça cravado na cabeça de quem me viu, ouviu ou sentiu. Com um fio de esperança minha mente balança na âncora do navio que me transporta em busca da terra torta e paradisíaca que os sonhos indicam existir.

Ao energúmeno um pouco de maracujá; ao rabugento, um pouco de acalento; ao sonolento, um tormento; ao avarento, uma pitada de desprovimento; ao ébrio, algo sério; ao sóbrio, um imbróglio; ao pestilento, um antídoto; e aos que aqui não mais se encontram, mas que viveram e sofreram como todos, a paz de espírito que por todos é ansiada, na enseada, na madrugada, no dia de cão ensolarado e mesmo na farra embriagada da molecada.

Cristiano Covas, 13.02.07.

Cristiano Covas
Enviado por Cristiano Covas em 25/07/2010
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