Autoria, Pseudônimos, Heterônimos, Personagens, Ortónimos.

Poderia até efetuar uma tese, mas como me escreveu uma amiga querida: “...tu deu um nó nos meus neurônios...”, vou colocar minhas inúmeras dúvidas, pois assim quem sabe desato uns nós dos agora parcos neurônios.

Tenho realizado uma estratégia, quando não sei algo, digo claramente. E é mágico, sempre aparece alguém que tem uma resposta, ou várias...

Vamos então desenvolver a questão da forma mais simples possível. Se não eu me perco.

Pseudônimos: essa é fácil, é o famoso “nick" da internet. Nomes que você escolhe, se intitula, escreve quando, não quer que lhe reconheçam, e por aí vai...

Há um tópico no fórum com essa questão, e um monte de acontecidos e acontecimentos.

É muito interessante: http://www.recantodasletras.com.br/forum/index.php?topic=3239.0

Anônimos: Dentro da linha da pergunta do Fórum, é quando você quer dar uma esculhambada em alguém, e não quer assumir por vários motivos e razões (explo. o boçal de seu chefe). Ou mesmo fazer um auto-elogio, cai bem um pseudônimo ou um anônimo no seu comentário.

Tranquilo! Até agora, mas “prepare seu coração”:

Heterônimos. Com a palavra o Aurélio meu pai:

heterônimo

(èt) [De heter(o)- + -ônimo.]

Adjetivo.

1.Diz-se de autor que publica um livro sob o nome verdadeiro de outra pessoa.

2.Diz-se de produção literária publicada sob o nome de outra pessoa que não o autor.

“Cerebral e retraído, inimigo da expansão ingênua, Fernando Pessoa concebeu o projeto de se ocultar na criação voluntária, fingindo indivíduos independentes dele — os heterônimos —, e inculcando-os como produtos dum imperativo alheio à sua vontade” (Jacinto do Prado Coelho, Diversidade e Unidade em Fernando Pessoa, p. 9). [Na última acepç., a palavra parece haver começado a circular após o surgimento de Fernando Pessoa (1888-1935), grande poeta português, que, além de usar o próprio nome em diversas produções, muitas assinou com os nomes Álvaro de Campos, Alberto Caeiro, Ricardo Reis, e outros, poetas, cada um destes, de características bem individuais, tanto nos meios expressivos quanto na substância, e até com biografias, curiosamente inventadas por Fernando Pessoa. Nessa diferença de características entre as obras das criaturas e as do criador é que reside a distinção entre o heterônimo e o pseudônimo.”

Resumindo Heterônimo é um indivíduo fingido, uma criação voluntária. Talvez um personagem autor, com vida própria, características individuais.

Sinto até agora clareza, ou como se diz firmeza! Mas um grande detalhe, citando ” (Jacinto do Prado Coelho, Diversidade e Unidade em Fernando Pessoa, p. 9): “os heterônimos (de Fernando Pessoa)... um imperativo alheio a sua vontade”.

Os “personagens autores”, se impunham a vontade do criador Fernando Pessoa.

Os heterônimos “personagens autores” seriam gerados pelo criador literário.

Ortónimos: Esse criador literário, segundo o dicionário Aurélio seria: o “Nome correto; nome verdadeiro, real”. “O ortônimo de Alberto Caeiro, Álvaro de Campos e Ricardo Reis é Fernando Pessoa. [Cf. heterônimo, pseudônimo e nome quente.]”

Vai começar o famoso nó dos neurônios:

Fernando Pessoa, nunca se assumiu como o autor, ou criador dos heterônimos.

Fernando Pessoa colocava que ele Fernando Pessoa era TAMBÉM UM HETERÔNIMO. A Wipédia em seu verbete “Órtonimo” coloca “...que vários escritos de Pessoa descrevem a heteronímia como um processo de sua despersonalização.”

Resumindo o meu entendimento, para alguém mais sábio me explicar melhor: “Baixavam” no Fernando Pessoa, autores, que escreviam, e ele Fernado era um desses personagens autores, que escreviam.

Era uma autoria coletiva? Uma força Cósmica Universal.

Outras colocações mais esotéricas, em que o próprio Fernando Pessoa esteve envolvido coloca que “haveria uma força de integração com a Energia Mental Universal” e o “poeta captasse vibrações mentais de outros, os quais desejaria ardentemente ser”.

São as teses da professora de portugûes Lúcia Milani Piantino* no seu exelente artigo: UMA HETERONÍMIA NA MENTE CÓSMICA UNIVERSAL

http://www.portrasdasletras.com.br/pdtl2/sub.php?op=literatura/docs/mentecosmica

“ Não bastassem esses fatos, o próprio Pessoa declara em versos”:

“Não meu. Não meu é quanto escrevo, a quem devo?

De quem sou arauto nato?

Porque enganado

Julguei ser eu o que era meu

Que outro mo deu? “

E ainda: “Não sou eu quem escrevo. Eu sou a tela

E oculta mão alguém coloca em mim.”

“ Que tudo isso é pensamento,

Que não senti, afinal.

Temos, todos que vivemos,

Uma vida que é vivida

E outra que é pensada”

“ Vivem em nós inúmeros

Se penso ou sinto, ignoro

Quem é que pensa e sente.

Sou somente o lugar

Onde se sente ou pensa.”

“Serei eu, porque nada é impossível

vários trazidos de outros mundos, e

No mesmo ponto espacial sensível

Que sou eu, sendo eu por estar aqui?”

Entre mim e o que em mim

É o que eu suponho

Corre um rio sem fim...”

Fernando Pessoa, era um gênio e as manifestações da genialidade estão acima das explicações.

Creio que a maioria das pessoas que escrevem sentiu que personagens, tomam seu destino, e forçam o criador/escritor trilhar caminhos que o autor as vezes não desejaria.

Há muito tempo atrás, criei um “nick", para participar de um fórum de jogos (rsrsrs). Com o passar do tempo ele cresceu adquiriu identidade, amigos, e até se apaixonou.

Tinha interesses próprios, e com o passar dos anos, até me tratava como uma terceira pessoa. Fez um blog, escreveu artigos, e como bom filho (sinto que sou o pai), emancipou-se e foi embora como todo filho normal, criado para o mundo.

Creio que virou mochileiro, como era uma figura etérea, deve ser um mochileiro galáctico...

Agora a questão da autoria:

Gostaram de um de seus textos (como os do pai polêmicos), republicaram e fizeram uma pergunta quem é o autor?

Quem é o autor?

O órtonimo (este que vos escreve), o heterônimo “personagem autor”, ou é uma criação coletiva?

T. M. Alvariz, nossa colega de RL, tem uma “personagem autora” a “Prenda Tua”, mulher apaixonante, tenho certeza que é neta de Anita Garibaldi. Infelizmente iludida na vida, casada com um gringo argentino. Deixa estar que um dia soluciono isso.

Coloquei a minha questão até que ponto somos criadores de heterônimos. Ou são musas que "baixam", e vivem. Rsrsrsrs

Converse com a Prenda Tua, vê se ela esclarece algo.

A resposta de Tânia foi: “Bem, até agora eu achava que tinha criado a Prenda Tua, mas tu deu um nó nos meus neurônios... rsss Vou ter que ter uma conversinha séria com ela.”

De quem é a autoria?