A força do passado.
Ao transcurso da vida humana na Terra conveniou-se chamar de tempo e subdividi-lo em três, conceituados de maneira diferente: passado, presente e futuro.
De forma bastante vulgar dizemos que o passado é o que aconteceu, o presente, está acontecendo e o futuro ainda vai acontecer.
Disse de forma vulgar porque se formos aplicar sobre o tempo conceitos filosóficos a coisa vai mudar completamente de figura.
Já filosofando, mesmo que de forma rasteira, alguém pode teorizar dizendo que só o presente realmente existe porque ao passado não é possível retornar e o futuro nunca chegará porque quando chegar não será mais futuro, mas presente.
Complicando um pouco mais alguém pode também dizer que o que realmente não existe é o presente porque mal acontece já é passado. Algo como alguém dizer a palavra presente: mal chega ele a sílaba se a silaba pré já é passado e quando diz, ou escreve a última sílaba as duas primeiras já são passado. Então só o que realmente existe é o passado: aquilo que foi e não mais será, mas cuja força interfere no Presente.
Foi pensando assim que algumas teorias filosóficas e até cientificas garantem que o tempo não existe, que foi criado pela mente humana apenas para se situar. Eu diria: para não enlouquecer.
Eu, que sou cachorro pequeno, não entro na briga de cachorro grande. Meu pensamento não consegue alcançar tão altas reflexões e eu faço elucubrações em cima de situações mais palpáveis.
Toda essa lengalenga surgiu da leitura de um livro de ficção e mistério que eu chamo simplesmente de romance policial. Assim, divido o tempo em três e constato, no presente, como já disse, a força do passado.
No livro, um dos personagens deixa transparecer ao amigo, querendo aconselhá-lo, alertá-lo, e baseado na observação da vida e na experiência pessoal, o quanto a força do passado é grande. É impossível apagá-la, impossível impedir que ela influencie o presente – algo como: é possível compreender os atos do outro, mas esquecer e impedir a sua influência na vida presente é impossível. E eu, desafio aqui, alguém que tendo passado, por exemplo, por uma traição afetiva (o que é uma redundância, porque todas as traições são afetivas) e que tendo perdoado o traidor, tenha também esquecido a traição e ficado imune a influência de sua lembrança.
A reflexão sobre a força do passado, porém não se originou das conseqüências dos fatos comuns do dia a dia, mas sim em função das grandes barbaridades que acontecem no mundo e que infelizmente estão mais comuns do que possa a mais fértil mente imaginar.
O país é assolado por crimes tão hediondos que durante certo tempo se tornam o único assunto, extrapolando da mídia para os papos de esquina. E existe uma unanimidade: eles têm que pagar. E eu não me preocupo exatamente com isso porque eu sei que eles vão pagar mesmo não sendo punidos pelos tribunais humanos. Concebendo-se aqui pagar como sofrer a consequência do ato praticado. Eu chego até a questionar: para que deixá-los presos, gastando o dinheiro do povo que poderia ser aplicado em com coisas mais úteis? Que sejam soltos, não se preocupem, os cães irão atrás deles. Alguém pode imaginar a Família Nardoni refeita? Alguém pode, em sã consciência, negar que eles nunca mais terão condições de formar uma família normal? Nem que mudem de nome e se estabeleçam na Cochinchina o passado estará lá, como uma espada pendendo sobre eles. E o tal do Bruno? Mesmo liberto, alguém acredita que haverá ainda algum clube de futebol interessado em contratá-lo? Que ele jogará na Copa de 2014? Que continuará a receber patrocínios? E assim por diante, seja lá quem mate e quem for o seu morto, filho, mãe, pai, avô, namorada, amigo, pode até dormir sem remorsos porque psicopatas não sentem remorsos, mas nunca mais terá vida normal.
Na semana passada jornais lavrenses noticiaram a passagem de José Roberto Arruda pela região, de onde ele é originário. Aparentemente vindo de sua cidade ele parou em um Posto de Serviço da Rodovia com a família. Mesmo usando boné e cabisbaixo ele foi reconhecido e não agüentou a pressão dos olhares curiosos. Retirou-se apressadamente impossibilitado até de ir ao banheiro em paz e tomar um cafezinho reanimador. De que lhe valeu toda roubalheira e corrupção se aqueles por quem ele gostaria de ser admirado e respeitado o desprezam?
Quem me lê por aqui e mesmo quem me conhece ao vivo já deve estar acostumado ao meu pensamento ziguezagueante. É assim que ele funciona embora eu tente policiá-lo para bem da compreensão. Mas é um hábito tão arraigado, adquirido há tanto tempo que não consigo fugir a sua força: a força do passado. Que provavelmente também me levará a retomá-lo, porque fico esmiuçando as coisas até ficarem bem entendidas. Pelo menos para mim.
Ao transcurso da vida humana na Terra conveniou-se chamar de tempo e subdividi-lo em três, conceituados de maneira diferente: passado, presente e futuro.
De forma bastante vulgar dizemos que o passado é o que aconteceu, o presente, está acontecendo e o futuro ainda vai acontecer.
Disse de forma vulgar porque se formos aplicar sobre o tempo conceitos filosóficos a coisa vai mudar completamente de figura.
Já filosofando, mesmo que de forma rasteira, alguém pode teorizar dizendo que só o presente realmente existe porque ao passado não é possível retornar e o futuro nunca chegará porque quando chegar não será mais futuro, mas presente.
Complicando um pouco mais alguém pode também dizer que o que realmente não existe é o presente porque mal acontece já é passado. Algo como alguém dizer a palavra presente: mal chega ele a sílaba se a silaba pré já é passado e quando diz, ou escreve a última sílaba as duas primeiras já são passado. Então só o que realmente existe é o passado: aquilo que foi e não mais será, mas cuja força interfere no Presente.
Foi pensando assim que algumas teorias filosóficas e até cientificas garantem que o tempo não existe, que foi criado pela mente humana apenas para se situar. Eu diria: para não enlouquecer.
Eu, que sou cachorro pequeno, não entro na briga de cachorro grande. Meu pensamento não consegue alcançar tão altas reflexões e eu faço elucubrações em cima de situações mais palpáveis.
Toda essa lengalenga surgiu da leitura de um livro de ficção e mistério que eu chamo simplesmente de romance policial. Assim, divido o tempo em três e constato, no presente, como já disse, a força do passado.
No livro, um dos personagens deixa transparecer ao amigo, querendo aconselhá-lo, alertá-lo, e baseado na observação da vida e na experiência pessoal, o quanto a força do passado é grande. É impossível apagá-la, impossível impedir que ela influencie o presente – algo como: é possível compreender os atos do outro, mas esquecer e impedir a sua influência na vida presente é impossível. E eu, desafio aqui, alguém que tendo passado, por exemplo, por uma traição afetiva (o que é uma redundância, porque todas as traições são afetivas) e que tendo perdoado o traidor, tenha também esquecido a traição e ficado imune a influência de sua lembrança.
A reflexão sobre a força do passado, porém não se originou das conseqüências dos fatos comuns do dia a dia, mas sim em função das grandes barbaridades que acontecem no mundo e que infelizmente estão mais comuns do que possa a mais fértil mente imaginar.
O país é assolado por crimes tão hediondos que durante certo tempo se tornam o único assunto, extrapolando da mídia para os papos de esquina. E existe uma unanimidade: eles têm que pagar. E eu não me preocupo exatamente com isso porque eu sei que eles vão pagar mesmo não sendo punidos pelos tribunais humanos. Concebendo-se aqui pagar como sofrer a consequência do ato praticado. Eu chego até a questionar: para que deixá-los presos, gastando o dinheiro do povo que poderia ser aplicado em com coisas mais úteis? Que sejam soltos, não se preocupem, os cães irão atrás deles. Alguém pode imaginar a Família Nardoni refeita? Alguém pode, em sã consciência, negar que eles nunca mais terão condições de formar uma família normal? Nem que mudem de nome e se estabeleçam na Cochinchina o passado estará lá, como uma espada pendendo sobre eles. E o tal do Bruno? Mesmo liberto, alguém acredita que haverá ainda algum clube de futebol interessado em contratá-lo? Que ele jogará na Copa de 2014? Que continuará a receber patrocínios? E assim por diante, seja lá quem mate e quem for o seu morto, filho, mãe, pai, avô, namorada, amigo, pode até dormir sem remorsos porque psicopatas não sentem remorsos, mas nunca mais terá vida normal.
Na semana passada jornais lavrenses noticiaram a passagem de José Roberto Arruda pela região, de onde ele é originário. Aparentemente vindo de sua cidade ele parou em um Posto de Serviço da Rodovia com a família. Mesmo usando boné e cabisbaixo ele foi reconhecido e não agüentou a pressão dos olhares curiosos. Retirou-se apressadamente impossibilitado até de ir ao banheiro em paz e tomar um cafezinho reanimador. De que lhe valeu toda roubalheira e corrupção se aqueles por quem ele gostaria de ser admirado e respeitado o desprezam?
Quem me lê por aqui e mesmo quem me conhece ao vivo já deve estar acostumado ao meu pensamento ziguezagueante. É assim que ele funciona embora eu tente policiá-lo para bem da compreensão. Mas é um hábito tão arraigado, adquirido há tanto tempo que não consigo fugir a sua força: a força do passado. Que provavelmente também me levará a retomá-lo, porque fico esmiuçando as coisas até ficarem bem entendidas. Pelo menos para mim.