CRIANÇA SUJA

O hábito de se arrumar e se vestir constitui muito mais uma atividade prazerosa do que propriamente uma higiene pessoal. Claro, também serve para nossa saúde e melhora nosso bem estar. Mas, com certeza, é muito mais que isso. Se arrumar, andar perfumado, colocar uma sandália, pentear os cabelos, sentir o aroma do corpo cheiroso, sentir a blusa nova e bem passada, tudo isso, são formas interessantes e necessárias de colocar a criança no mundo da moda. Não da moda espetacularizada, mas da moda que é nossa – dos que investem em si próprios – do que querem andar e se vestir bem.

Pode parecer presunção falar assim. Não é. Não é, pois o se vestir faz parte dos galanteios necessários à nossa sobrevivência bela. A beleza, atributo nosso – importante, pois é humano – é sempre reinventada por cada nova “pessoinha” que nasce e se desenvolve.

As mães deveriam se atentar ao fato de que seus filhos, serão interessantes justamente se forem bem tratados na infância. A roupa é um tratamento desses que nós subestimamos no dia a dia. Infelizmente são poucos os que percebem sua verdadeira importância. São poucos que lhes dão o devido valor.

A roupa, isto é, o ato de se vestir bem, interfere em toda a vida da criança. Basta pensarmos numa criança suja, maltrapilha. Essa criança, futuramente, terá menos condições de conversar bem. De saber falar baixo no momento certo. De saber o que falar e o que não falar na presença dos outros. Essa criança, no futuro, terá dificuldades de evitar um “barraco”; poderá brigar em lojas de 1,99 achando que está bem; “que está abafando!”. Enfim, fará tudo que menospreza a beleza e os bons costumes. E o fará, justamente, porque na infância foi maltrapilha; se arrumou mal; não se lavava; comia e sujava a boca; falava com a comida na boca porque a mãe não ligava. E a criança insistia nos atos infracionários que se tornarão responsabilidade das autoridades no futuro. O pai...ah, o pai?!, não existiu na vida dessa criança! Mais um peso em sua vida, portanto.

Por isso, o vestir-se bem tem mais haver com a personalidade da criança do que propriamente com o vestuário dessa ou daquela tendência na moda. Os pais deveriam saber e cuidar disso. Uma criança desleixada, deixada fazer o que bem quiser, só nos mostra o quanto os pais estão sendo descuidados na dedicação afetiva. Infelizmente, muitos pais, na atualidade, não têm se preocupado com seus filhos. O resultado é o que vemos por aí. Meninos e meninas gritando dentro de ônibus; outros dormindo em calçadas; outros mais, pedindo esmolas.

Além de ser vergonhoso para a vestimenta, e ser um mal, pois apresenta a pobreza na nossa porta, esse mal é infinitesimal, grande, àquela criança. Pois ela sim, ficará prejudicada pelo resto da vida.

Nunca! Nunca, conseguirá entrar no eixo da vida. Isto é, nunca conseguirá se vestir com elegância; encarar os outros nos olhos. Conversar com simpatia, sem o rosto tremer, impossível! Comprar algo com um jeito solícito, e delicado, mas que ao mesmo tempo demonstre firmeza, ao invés de estar puramente e vergonhosamente pedindo algo, como muitas pessoas de “bom coração” sempre fazem, pois não conseguem se desfazer do medo interno, que as apavora de viver uma vida em sociedade, justa e com hombridade. Será muito mais provável o medo interno e o pavor de demonstrarem confiança. Na verdade, existem pessoas que optam pela compaixão porque são pobres de confiança. Estão mais para favores alheios, do que para o sucesso individual. E usam essa máscara, pobre e social, para disfarçar o medo e temor interno que carregam. Infelizmente, muitas vezes, carregam por toda uma vida esse falsete de originalidade.

E carregam porque na infânca foram crianças sujas. E por serem sujas, se tornaram medrosas e obedientemente carentes (não quer dizer que toda pessoa com estilo de compaixão tenha sido assim). Carentes de amor dos pais; carente de cuidados. Cuidarão dos outros, para evitarem olharem na poça d'água seu rosto choroso e pedindo amor. Viverão assim pelo resto da vida.

arrab xela
Enviado por arrab xela em 24/07/2010
Reeditado em 24/07/2010
Código do texto: T2396276
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