Livrem-me do "que"

O QUÊ?!!

Que que é isso, minha gente?! Não sei mais o que dizer. Tento fugir dele, mas quando quero esquecer, lá vem ele infernizando meu querer. Que os letrados me ensinem o que fazer para me livrar desse cabra insistente! Por que inventaram tantos usos para uma palavrinha insolente que enfia o seu bedelho por onde se escreve ou tente.

Dizem que cada pessoa tem seus quês! Eu tenho milhares. Tantos que já perdi a conta. Mas que pecado é esse que me persegue? Tenho que admitir o fato. Quanta besteira que fiz. Tanto que que escrevi. O assunto é sério... Podem rir!

Eu é que sou teimosa e vivo a buscar saída, porém ninguém acredita. Não é mania de perseguição. Cansada que estou dessa luta inglória!

Há quem não se importe e adore sua companhia. Alguns jornalistas também caem na sua cilada.

Comigo, porém, é outra história. Prefiro sozinha do que mal acompanhada. Substituição? Sim, por que não? Não tenho que dar satisfação a ninguém. Não tenho satisfação a dar.

Que clima esquisito! Que aconteceu?

Que bela é a língua portuguesa! Nós é que somos complicados e dificultamos tudo, inclusive inventando palavras injuriosas, recalcitrantes... Como essa...

Nos momentos em que ela se faz importante e necessária, dá uma vontade de me vingar e achar um desvio para desprezá-la. Em outros, ela é que se vinga, deixando-me impotente, cega. Parece que me hipnotiza e não há nada que faça para tirá-la do caminho. Ela insiste e eu desisto.

Que fique...

Que raiva! Que absurdo! Uma língua tão rica! Um léxico tão extenso e eu escravizada por um insignificante vocábulo. Arre!

Agora que comecei a desabafar, vou fundo na questão. Será isso trauma do tempo das redações sobre as férias? Hábito enraizado do tempo dos questionários para estudar pra prova? Sei lá!

Sabiam que essa é uma doença crônica que passa de geração a geração? Pois é. Não é que meus alunos gostam de usá-la em começos de respostas onde é totalmente desnecessária. O uso é corriqueiro. E não adianta falar que eles continuam a empregá-la.

Inútil avisar: "- Olha a coesão textual. Evitem repetições."

Falar é fácil! Difícil mesmo, é se livrar do QUE!

Eu que o diga...

Suzana Duraes
Enviado por Suzana Duraes em 23/07/2010
Reeditado em 19/08/2013
Código do texto: T2396054
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