À Seco

A garota senta-se na beira do lago, espeta o espelho d’água com a ponta do dedão cor-de-rosa. Um frio percorre-lhe a espinha, afunda o pé inteiro e cria uma correnteza, sente alguns peixes escorregarem pela sola. Vê uma pequena flor amarela nascida na margem, toca-lhe as pétalas. ”Que lindo, não?”, ela pensa, no fundo tentando convencer-se. A verdade era que nada daquilo tinha a cor devida, nem mesmo azul do céu. O mundo parecia às vezes tão pálido e estático que ela mal tinha vontade de respirar. Sentiu ímpetos de chorar. “Seria bom”, pensou com o rosto seco e um sorriso amarelo espelhado nas águas agora turvas.

Fabi Clara
Enviado por Fabi Clara em 23/07/2010
Código do texto: T2395777
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