Só quero ser mãe
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Vejo fotos de bebês alheios e me enterneço. Passo pelos corredores da escola, na ala infantil, vejo crianças pequenas, as menores do grupo, sorridentes, bochechudas, olhos brilhantes, tenho vontade de levar todas pra casa. Deparo-me, nas ruas, com mães segurando bebezinhos e tenho vontade de pedir pra segurá-los um pouquinho. Passo diante de lojas cujas vitrines exibem roupinhas... e me perco nos sonhos... Folheio livrinhos e mais livrinhos, e leio, leio, releio e releio, todas aquelas historinhas tão bobinhas, mas tão gostosas de se ler... Assisto DVDS, uma, duas, três, quatro, mil vezes, todos indicados à primeira infância... Procuro, incansavelmente, nas “megastores” pelos brinquedos mais legais, mais coloridos, mais educativos e, claro, mais seguros... Não quero que nada de ruim aconteça ao bebê que eu quero... Penso que deveria ter sido pediatra, acho esta a mais bela e abençoada das profissões da face da terra...
Quero um bebê.
Grudado comigo. 24h. 48h. 72h. MIL HORAS. A vida toda.
Preciso de um bebê.
Preciso de um sorriso. Sem dente. Talvez com, no máximo, pequenos dentinhos branquinhos, pontudinhos, como os de um coelhinho.
Quero olhinhos. Brilhantes.
Quero mãozinhas. Fininhas. Delicadas.
Dedinhos. Bem pequenininhos. Também fininhos.
Uma boquinha. Toda lambuzada. Ou, quem sabe, balbuciando palavrinhas, nada a ver com nada e tudo a ver comigo. Com a gente.
Quero um corpinho. Gordinho. Quentinho. Dobrinhas.
Pezinhos? Cheirosos. Geladinhos sem meias. Quentinhos. Gordinhos. Fofinhos.
Quero cabelinhos. Fininhos. Ao vento. Lacinhos pequeninos. Róseos. Dourados. Pendurados.
Quero meu bebê. Vivi pra isso.
Não estou em fase para mais nada. Mesmo porque sei que a fase. Esta fase. Vai passar. E eu quero meu bebê. 24h. 72h, MIL HORAS...
Quero meu bebê. Já disse. E quero a oportunidade de me tornar uma pessoa que faz uma pessoa melhor.
Quero minha Isadora.
AGORA.
E que bom que ela existe.
Obrigada, VIDA!
(Adriana Luz – 23 de julho de 2010)