Como eu me sinto

Hoje, senti muito calor. Ouvi gritos cosangüíneos. Também vi "prédios". E o "também" se inclui nos sentidos. Ouvir e ver são soma. Mas quem só ouve e não quer - ou não consegue - enxergar, provavelmente não escuta. E não percebe. Nem se auto-percebe. E não crê. Não se resolve em nada. Não procura. Não vai à luta. E não cresce.

Pode ser do tamanho que for. Do anão acondroplásico ao "gigante pituitário". Da anemia falsiforme que dá uma forma enigmática ao corpo que pede por alimento. Quer atenção. Não recebe carinho. Caiu na metástase do esquecimento. Vamos vendo pelas ruas quantas almas estão vagando só na carcaça. Frustradas.

Alimento que é essencial é o sonho. Quem vai contra as construções que fazemos em nossas mentes? É impossível! Nem o mais profissional dos ladrões tira o sonho. E vamos dormir para acordar. Vamos sonhar!

Como eu me sinto?

Como uma noz esmagada. Um caco de vidro. Uma pena. Uma dor. Hoje senti muito calor. E não me encontrei. Apenas dirigi. E senti fome. Enxerguei aqueles "prédios". Todo dia encontro uma nova construção. E me pergunto "De onde nascem esses tais 'prédios'?"

Alguma cegonha os trouxe (ram)? Eu apenas senti calor. E sei que foram as grandes construções que barraram o vento.

"Daqui pra pior!" - Foi o que ouvi. Eu acredito que não! Vou estar bem vivo para ver os tais "prédios" ruindo. Um a um se quebrando. E vou sentir novamente o meu vento soprando ao meu favor.

Toda alma que sabe sonhar... Continua a viver. É aquele sorriso sacana de quem finalmente diz: "Vim. Vi. E venci."

Delano Almeida
Enviado por Delano Almeida em 23/07/2010
Reeditado em 23/07/2010
Código do texto: T2394986