A Face Oculta do Alcoolismo

Estamos numa era de passadas largas, digital, tecnológica e, nessa atual caminhada, preciso parar, respirar e seguir adiante. Suspiro, angustiado. Nos deparamos com uma juventude diferenciada, cada vez mais precoce, de calças coloridas, óculos esquisitos, tênis brilhantes e cabelos escorridos. Não seria trágico se a tudo isso não fosse associado o alto consumo de drogas, lícitas e ilícitas, num vício destruidor. Nunca se consumiu tanta droga. Não seria horrendo se não tivéssemos exposição sexual na internet, tráfico de menores, prostituição infantil, pai que mantém relação sexual com a filha, estupros. Disso tudo a porta de entrada se dá por algum lugar, quase que todas as vezes. Essa iniciação se conhece por “lícita”, liberta, liberal. É vendida em quase todos os bares, é viciosa e viciante, é cretina.

Precisamos entender que a face do alcoolismo está associada a uma perspectiva drástica e cruel. Aos poucos vai se perdendo as esperanças. Sofre o alcoólatra, que é doente, e todos os que o rodeiam. Sofrem o pais, os filhos e os amigos. A sociedade pena num todo, o poder público não dá a mínima. Os fabricantes não medem esforços para a venda, os meios de comunicação embargam numa propaganda enganosa em massa. Não se tem perspectivas de internações, apoio psicológico, métodos de saída desse vício para quem luta. Os profissionais de saúde, de educação, da assistência social não são capacitados e nem possuem um viés para uma prevenção anti-alcoolismo, diagnóstico precoce, tratamento efetivo e reabilitação desse alcoólatra.

O pior é que a ingestão de bebidas tem seu início na juventude, e por vezes ainda na infância. Não são poucos os pais que mergulham chupetas em copos de cerveja ou oferecem pequenos goles aos filhos. Isso é muito pior que uma palmada. É uma agressão.

Por volta dos 15 anos – quando não antes – os adolescentes, possuídos por uma curiosidade contagiante, vestem todas aquelas roupas no início citadas, combinam tudo pela internet, se agrupam em um quantitativo enorme de adolescentes de igual aspecto e procuram por festas Rave. Chegando lá bebem, fumam, cheiram, “tomam balas”, praticam sexo e voltam para casa, já ao amanhecer, para no outro dia dormirem como morcegos.

Se pelos caminhos cotidianos nos deparamos com alguém que mergulha na cachaça, o chamamos de bêbado e caçoamos. Não nos preocupamos nem por instantes. Somos egoístas, e por isso nosso umbigo é o máximo. O vemos deitados por ruas frias, a submergir ao frio, viramos as costas e seguimos. Ao deitarmos para dormir em camas macias e quentes nem ao menos lembramos, seguimos a diante.

A outra face do alcoolismo é dura e penosa. Precisamos abrir os olhos. Não precisamos mais sofrer.