Axioma do despertar

Temes acordar nas longas noites, tens medo de abrir os olhos e deixar de lado o mundo de sonhos? Ao acordar pensas que morrerás e/ou deixarás de existir. Em segundo adormeces.

Pensas que a lua não brilhe mais. Ela perderia a própria beleza ao refletir-se em algo tão desiludido. Como algo tão bonito poderia focalizar num objeto logrado pela própria existência? O medo é a companheira da infância e só agora consegue despertar. Logo agora?

Tens medo de parar de andar, correr, falar, pensar, sorrir, e/ou até amar? O mais seguro é ficar deitado, quieto e tentar dormir para sonhar. Não tenhas medo de sonhar dormindo.

Lutas para não abrir os olhos. Mas, ao abrir vem o arrebatador furor de aversão a tudo, a ponto de achar que a defesa do corpo não preservará a espécie e nada vai proteger a própria vida. Então envolvido numa tristeza sem fim passa a crer que a própria natureza desistiu de conservá-lo.

Quer acordar. Pra que? Quer andar não podes. Falar, nem pensar. Rir seria um suicídio na certa. Quem seria capaz de falar? O menor sussurro seria um convite à desistência da vida.

Tens vontade de fechar os olhos. Eles estão pesados? Seria desperdício tentar deixá-los abertos. Certamente, nem imaginas, não pensas. Ou pensas? - Quem cala é voz, nada concreto. Apenas vestígios da perplexidade.

A alma se desfalece, mesmo no desencarnar. Isso mesmo, pois sem o corpo ela não seria nada tanto quanto o corpo sem ela. Acreditas? Pondere algo neste instante...

A própria terra não o quer, se ela o quisesse a conservaria. A natureza é egoísta. Por isso um sentimento de solidão, que leva a crer, vive ou morto, é a mesma coisa. Chamas isso de desilusão? A própria existência os devoram.

Então se nasce, e cresce pra que? Pretendes continuar nesta crença de que o momento dirá tudo? Não se ofusque nesta idéia! És apenas uma gota de um perfeito prazer ao cair no sono. Então se neste instante tudo que fazes é sonhar, feche olhos. Sente-se seguro agora e ao mesmo tempo um escravo dos sonhos e sentimentos?

Sonhos irresistíveis, sentimentos indescritíveis na eterna lembrança de um sonhador. Palavras escapam pendentes sem definições, captam apenas pensamentos sem forma. – Ah! Como encher o peito de ar e olhar um pouco à frente e ver infinito?

Descobres que tens vida para morrer, não sabes o que precisa tanto para viver; que para padecer é a própria razão.

Olhe só uma vez. Por que não fitas? Tente pelo menos por segundos. É assim que sentes? Não vez o fim? O único desejo de ser feliz. Ditas que ainda está faltando algo: Uma lágrima cair, um desejo a realizar? Assim quando mais tarde procurar, quem sabe a morte, já ditada o destino de quem ainda não nasceu, ache a essência do por que está aqui.

Alvitre, só morre quem nasce. Talvez tenhas derramado algumas gotas de lágrimas, mais não era o propósito. Não podes olhar sem saber porquê...

Continue sonhando e quando sentires seguro, pronto pra olhar. Olhe... Não olhe para chorar ou mesmo para rir... Não faça isso. Olhe e deixe tudo como está.

Você sabe como estava antes de ler esta crônica? E agora como pensas que estás? Avalias que é fácil olhar a vida? Você olha ou não.

Embaraçado no seu próprio olhar? Tudo agora é passado. Desperte! Enxergue...

jbez

jbez
Enviado por jbez em 22/07/2010
Código do texto: T2393720