ADEUS PREMATURO

ADEUS PREMATURO

(José Renato Coan - 22/07/2010)

Todos os dias vemos notícias na televisão e nos jornais de pessoas que prematuramente se vão dessa dimensão física a que estamos acostumados. A morte de pessoas em tão tenra idade, de ínicio nos causa um certo desconforto e indignação. Depois o conformismo de chegarmos a falar "só mais um em meio a tantos", e por último o estágio do esquecimento, quando simplesmente se apaga da memória coletiva tantas e tantas vidas que foram ceifadas tão precocemente.

A vida é um dom gratuito e universal, e nela pautamos tudo o que somos. Em função da vida planejamos nossos sonhos, traçamos nossos objetivos, definimos as nossas metas e não há ninguém nesse mundo que tenha o direito de retirá-la de nós.

Se perder uma vida é difícil ainda mais quando ela é tirada precocemente, as vezes por irresponsabilidade ou pela violência desmedida que tem elevado o número de lápides nos cemitérios de pessoas cujos planos ainda estavam no começo de serem realizados.

Aquela indignação de início não deveria resultar no esquecimento depois. Mas deveria ser transformada em clamor para que a vida das pessoas não fosse prematuramente tiradas de suas posses. Num grito para que os jovens não fossem mortor e com eles a destruição de tantas famílias, porque quando se perde um jovem em uma família, toda ela perde o sentido de existir.

Chega de Adeus Prematuros. Basta de vidas serem ceifadas quando ainda estão começando a desabrochar. Deixemos que os acontecimentos naturais da vida se suscedam sem a intervenção violenta ou irresponsável de tantos que ainda assim continuam impunes mesmo depois de atos tão desastrosos.

Assim como uma flor, que as pessoas possam nascer, serem botões desabrocharem, e finalmente murcaherem e morrerem. Mas isso tudo num processo lento, gradativo, natural. Chega de pessoas que tem suas vidas colhidas ainda em botão e que não lhes foi dada a chance sequer de chegar a serem flor.

Até quando vão se permitir as vidas serem tiradas desta forma? Até quando o homem não vai deixar que seu semelhante siga o ciclo natural que lhe foi dado pelo criador? Até quando alguns se farão de "deuses" com "poderes" de decidirem sobre a vida e a morte de alguém?

Talvez as vítimas e suas famílias nunca cheguem a tomar conhecimento deste texto. Talvez aqueles que realmente merecem sequer cheguem a lê-lo. Mas se essa é a contribuição que posso dar, é essa a contribuição que vou dar. E se uma vida que fosse tirada prematuramente for poupada por causa dele, já terá valido a pena escrevê-lo.

Se ele foi feito em homenagem ao Rafael Mascaranhas, a Eliza Samudio, a Mércia, a Izabela, ao João Helio, ao Ivez, não importa. Se foi em homenagem a pessoas conhecidas ou desconhecidas, aqueles que nunca irão ler o texto ou aqueles que sempre irão vir aqui para não apenas lê-lo como também refletir sobre ele. Não importa a quem se destina e sim ao que se destina, e o destino desta crônica é este, o pedido de um ser humano, para que a vida de outros seres humanos sejam respeitadas e preservadas assegurando a todos o direito de passar por todas as etapas do ciclo desta existência.