A LEI DA PALMADA

Toda vez que o bebê chora, surge alguém para lhe confortar. A mãe para dar de mamar, o pai para trocar sua fralda ou algum dos dois simplesmente para lhe pegar no colo. Assim, logo em seus primeiros instantes de vida, ele aprende a manejar o choro como um instrumento de comunicação, uma forma de chamar a atenção para alguma coisa que lhe aflija. O bebê descobre também que os adultos adoram quando ele sorri. As reações de quem está ao redor é parar e lhe encher de mimos em troca de um sorrisinho. Se ele der alguma risadinha, então, desabará os gigantes ao seu redor. O bebê aprende a engatinhar, já consegue se locomover. Aos poucos, vai vencendo a lei da gravidade e consegue parar em pé, ainda que num estilo balança mas não cai. (Porém, a regra aqui, neste começo de jogo, é mais cair do que parar em pé).

Porém, claro, sempre contará com o pá ou a mã para lhe amparar. Muitas vezes, até servindo-se das mão de um deles para dar seus desajeitados primeiros passos. O bebê consegue, enfim, dominar a técnica e se torna um "às" na arte de ficar em pé e de caminhar, nem que seja se segurando. Eis que, explorando esse novo universo, ele descobre que as coisas ao seu alcance: uma toalha de mesa, um CD, uma revista, qualquer coisa que ele possa pegar ou puxar. Mas, antes que ele possa descobrir o que são essas coisas tão diferentes, eis que recebe um tapa na mão e vê uma cara enfezada dizer "não"!. Ele estranha. Vai de novo. Outro tapa. (Isso dói. Quando não gostamos de algo, ferimos). E, assim, o bebê descobre uma outra forma de comunicação praticada pelos seres humanos. Ele anota em sua pequena memória. Um dia pode precisar usar algo assim também...

Márcio Brasil
Enviado por Márcio Brasil em 22/07/2010
Reeditado em 22/07/2010
Código do texto: T2392946
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