Vida letárgica de um parasitário do amor

Em três segundos aquilo estava acontecendo, foi rápido, meus sentidos não entenderam a surrealidade da sena, eu olhava para as paredes brancas e pra aquela imensa escadaria que a cada degrau se tornava mais obscura e tenebrosa.

A cada passo, a cada respiração no silêncio daquela madrugada me fazia desvanecer meu coração, a incerteza daquele silêncio regado de um sutil barulho do vento frio foi quebrado por uma palavra que ela preferiu: Olha, eu estou cansada, ta muito frio aqui...

Meus sentidos me traíram naquela hora, as cores da parede já não pareciam tão brancas, o vento parecia doer na minha pele, labirintite nesta hora é de praxe, não entendi: É um sonho? estou num pesadelo de Dante Alighieri? Minhas mãos estão estranhas...

Sensações só experimentadas por aquelas que estão no corredor da morte, ou por um animal que sabe que esta indo pra filha do abate de um açougue... Tais comparações são pequenas quando a morte acontece com o amor de quem você ama, o amor dela parece estar morto...

Minha dor é maior, maior do que o daquele que espera a sentença final no corredor da morte, pois este tem a revolta e a ira como consolação e sua mente se fez rígida e insensível pelo peso das mortes que leva. Maior do que aquele animal que por sua inocência talvez não tenha uma angústia prévia do que estar por vir...

Fui subindo aquela escadaria... Ela na minha frente, não pegou na minha mão... Parecia apressada, mais eu tenho que compreender, ela tem que dormir... Abriu a porta com uma sutileza impecável, e nas pontas dos pés, me convidou a entrar num lugar vazio e amplo, parecia meu coração sem ela... Parecia minha solidão sem o amor dela...

Saiu duas lágrimas de mim sem perceber, tentei me controlar, pois queria ela a vontade e sem restrições pra abrir o coração, conversamos algumas coisas, pedia explicações que parecia mais difíceis do que a Reformulação das ambiguidades das teorias dos processos quânticos da fusão entre o espaço e o tempo retrógrado,

talvez se fossemos discutir isso regaríamos a uma resolução...

Mais aquilo não tinha explicação... Minha mente revirava, se contorcia num surrealismo exacerbado, senti o gosto da voz dela e vi a cor do som, minha mente não aceitava tal coisa improvável e sem modelo referente, cai aos pedaços, meus pedaços foram espalhados por toda aquela sala vazia e ainda tinha ânimo de junta-los.

Olhei pra aquele teto branco e pensei comigo, se tem alguém ai além desse teto além desse céu, se tem alguém, veja sou miserável, estou miserável, dependente dela, dependente quimico-metafíco, ou sei lá, o que é isso que sinto o que é o amor?

São essas substâncias: adrenalina, noradrenalina, feniletilamina, dopamina, oxitocina, a serotonina e as endorfinas, não acredito nisso,eu até que outrora acreditava,mais hoje não acredito mais, o que sinto é mais do que isso, é algo sobrenatural, vinda da alma, e na alma não há químicas, não há como explicar.

Meu amor, eu te amo, não desprezes um amor raro e único que desprende de mim, não se magoe com poucas coisas, pois o amor é forte e resistente, ele é passível e paciente, venerável ao sofrimento, sobre por amor é uma honra, é maravilhoso aos olhos de Deus, suportar os fracos é amar de verdade, compreender as angústias aléias, é natural do amor.

Eu te amo, e talvez nunca, mais , nunca vou deixar de te amar...O que eu faço, como procedo pra te acalmar meu amor, do que gosta, qual é tua comida favorita?

Ah, meu amor, não me deixe, não deixe que o tempo acabe com nossas lembranças boas, não deixe os momentos ruins sobrepujar os momentos de alegria e brincadeiras, eu me lembro de teu riso, teu sorrido tão lindo, toda assanhada, seus cabelos esvoaçantes, minha pequena e linda, meu Cambitim...

Volta pra mim teu coração.

Lililson
Enviado por Lililson em 22/07/2010
Reeditado em 19/10/2014
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