Óleo e água...um diário.

"-Se você ainda quiser, eu aceito, tah?!" Essas foram as palavras que deram início à uma loucura sem tamanho de Mariazinha. Onde foi que ela viu razão para tomar tal decisão? Não havia razão! Era loucura!...

Mas a trajetória até essa resposta é longa e exige detalhes para uma boa compreensão. Na verdade, se você, caro leitor, busca alguma compreensão de tudo que será escrito nas linhas que se seguem, está muito enganado...loucuras não se explicam...apenas se vivem intensamente! Entretanto lá vamos nós na tentativa de descrever fatos de uma bela história...não apenas mais uma historinha como essas que vemos por ai...se fosse assim seria algo comum, e já foi dito que trata-se de loucura, não é verdade?

Mariazinha, desiludida da vida estava a procura de alguém para um relacionamento sério...Joãozinho...um tanto sedutor e metido a conquistador, acreditava que conseguiria o que quisesse com Mariazinha...nada sério como ela esperava. Ela já estava apaixonada. Acreditava piamente no que queria! Doce engano! Horas passadas ao telefone traduziam algo precioso aos seus olhinhos brilhantes de paixão: um romance no ar.

Um beijo negado por ela num passeio de sábado a tarde, fez Joãozinho, com sua aversão a seriedade em seus relacionamentos, perceber as intenções sérias de Mariazinha e lhe deu um fora! Um beijo significava algo realmente sério para ela...não gostaria que acontecesse de qualquer jeito.

Ela não podia acreditar! Um fora? Isso mesmo. Um fora.

Chorava e chorava...mas acreditava que iria conquistá-lo um dia, ou arrumaria outro mesmo. Músicas, telefone com uma boa e longa conversa...tudo trazia de volta à memória a imagem de Joãozinho. Ela superou facilmente! Nunca foi de ficar choramingando por muito tempo por causa de uma desilusão amorosa. Com apenas 17 anos diante desse fato, tinha ainda muito o que viver.

A vida seguiu. Na verdade, Joãozinho nunca lhe saiu da mente. Não que ela ainda o desejasse tanto, mas sempre se questionava como seria se não tivesse lhe negado aquele beijo. Achava que tudo teria sido diferente. Coisa de Mariazinha adolescente mesmo acreditar que o tal do beijo o "encantaria" de tal forma que faria mudar suas idéias. Arrependimento sim por não ter dado o tal do beijo, mas no fundo sentia um orgulho pela coragem de ter-lhe negado algo que ela também desejava tanto! Coisas de mulher.

Para ele, apenas mais um beijo, para ela, o coração...

O tempo passou. Uns três anos. Cada um seguiu seu caminho e se esqueceram. Mariazinha cresceu, namorou Pedrinho, namorou Jorginho...sempre se apaixonava. Não conseguia viver a vida sem um grande amor.

Jorginho, seu último, era aquele com que ela projetara todo o seu futuro. Não deu certo! Simplesmente acabou. Nesse meio tempo, havia uma grande amizade entre ela e Joãozinho. Amizade apenas! Ela sabia disso.

Joãozinho curtia a vida apenas...nada sério, como sempre. Mariazinha, depois dessa última desilusão, decidiu que iria voltar ao passado...retomar a vida de três anos atrás e viver uma loucura. Advinhem com quem?

Exatamente...com Joãozinho! Mariazinha já se sentia uma mulher e não mais aquela adolescentezinha que vivia fantasiando seus amores. Passou a desejar Joãozinho como nunca antes e começou a investir.

Estava decidida a reviver os encantos do galanteador. Ela não queria algo sério. Acabara de sair de um relacionamento em que grandes sonhos caíram ao chão. Superou-se facilmente, característica clara de Mariazinha, mas não pensava em relacionamento sério por um bom tempo.

Começou comunicando a Joãozinho sobre o término do seu namoro. Para ela estava sendo tão clara em suas intenções ao dizer-lhe que tudo havia acabado e que agora estava ali disponível se quisesse, que não achou que seria necessário ser tão mais objetiva, pois ele, na sua esperteza mulheril, entenderia certamente. Morria de rir! Não acreditava no que estava acontecendo: Joãozinho, diz que não esperava alguém assim como ela e que se fosse para ter algo, só se fosse realmente sério porque ela era uma garota diferente das outras e que apenas para ficar, poderia ser com qualquer outra, mas com ela teria que ser diferente.

O quê? Será que alguém poderia explicar à Mariazinha o que estava acontecendo?

Que loucura sem tamanho! A vida deu uma reviravolta tão grande...Mariazinha se sentia do avesso!

Ficou confusa! Não era decididamente o que queria! Estava abalada! Como pode? Tudo virou ao contrário do passado na mesma história, com os mesmos personagens, protagonistas.

Ela sabia que estava em suas mãos se aceitaria ou não. A decisão de namorar Joãozinho, que tinha uma vida completamente desregrada e bem vivida em suas intensas experiências, mudaria tudo, definitivamente tudo. Mariazinha, ou Santa Mariazinha. Era basicamente assim que os conheciam por onde passavam.

Uma semana, alguns dias e pronto! Decidiu: -Se você ainda quiser, eu aceito, tah?

Disse sim para ela mesma! Precisava viver algo louco e completamente fora de tudo que ela já havia vivido. Gostava de Joãozinho. E sabia o quanto que ele poderia gostar dela dizendo sim, agora para algo sério, como ela queria há três anos atrás.

Decidiu viver de verdade e intensamente sem se importar com os outros. Recebera muitas críticas, por Joãozinho e Mariazinha serem completamente diferentes em seus caminhos até então. Não estava nem aí! Sabia que a única responsável pela sua felicidade era ela mesma e pensava seriamente na questão de chegar ao fim de sua vida arrependida por coisas que não fez e que poderia tê-la feito feliz!

Predestinação? Não! Decisões para tentar ser feliz! Não que ela não tivesse sido feliz antes, mas esse "sim" mudou sua vida, pois a fez enxergar que a vida não acontece como numa agenda, onde tudo é programado. Não é uma lista de como seria o seu par perfeito que a faria feliz pra sempre, como nos contos de fada que a maioria das "Mariazinhas" acreditam piamente. Se foi a decisão certa, só o tempo poderá respondê-la. Loucura? Concerteza! Mas as loucuras fazem bem às vezes!

Jéssica Zaparoli
Enviado por Jéssica Zaparoli em 21/07/2010
Código do texto: T2391694
Copyright © 2010. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.