AGRADÁVEL ACIDENTE
Nas minhas andanças pelos Shopings da cidade acabo sempre entrando em alguma livraria, mesmo sem intenção de adquirir algum livro em especial. Gosto de entrar e dar uma espiada naquilo que está à mostra. Olhar as capas coloridas, os nomes dos autores mais em voga e, no final das contas, acabo por comprar alguma coisa.
Foi o que aconteceu um dia destes, quando, numa dessas minhas espiadas, deparei-me com "Mulherzinhas".
Ah! Que prazer inesperado! Qual a mulher da minha faixa etária que não o leu quando andava pelo 12/14 anos? Eu fui uma das que não fugiu à regra. Aliás, vale lembrar que o volume fazia parte da coleção conhecida como "Biblioteca das Moças" e eu a tinha quase toda. Os últimos exemplares tiveram fim há poucos anos, quando os cupins deram cabo de grande parte dos meus livros.
Mas voltando ao romance aludido, tenho que confessar tratar-se de uma estória meio água com açucar, totalmente diferente dos padrões usados nos dias de hoje, porém perfeitamente adequada à minha idade na época em que o li. O livro obteve tanto sucesso que ganhou várias adaptações para o cinema: a primeira em 1919, a segunda em 1933, a terceira em 1949 e a quarta em 1995.
Assisti a versão realizada em 1949, identificando prontamente todas as personagens pois eram exatamente como eu as imaginava.
O livro e o filme contam o dia-a-dia de quatro irmãs, ainda jovens: seus desejos, aspirações, realizações e decepções. Apesar do título original ser "Little Women", o filme recebeu em português o nome de "Quatro Destinos". As personagens são: Jô interpretada por June Allyson, Meg por Janet Leigh, Amy por Elysabeth Taylor (linda de morrer) e Beth por Margaret O'Brien. Esse o lado feminino, do lado masculino temos Peter Lawford como o rapaz rico que mora ao lado, e Rossano Brazzi na pele de um professor.
Se não me engano assisti o filme no Cine Guanabara que ficava situado perto de onde eu morava, ali no Mourisco, na enseada de Botafogo.
O reencontro com esse livro me trouxe uma alegria muito grande. Não propriamente o livro em si, mas o que ele me proporcionou, isto é, um encontro comigo mesma e com tudo o que vivi na fase adolescente: desejos, realizações e decepções.
Apesar de, naquele tempo, não ser uma assídua frequentadora de cinema, eu era fã da June Allyson, e nem sei porquê. Só me recordo de tê-la visto atuando nesse filme e num outro também inesquecível - "Os Três Mosqueteiros" em que ela faz par com Dartagnan vivido por Gene Kelly.
Para a gente ver que visitas a livrarias podem trazer-nos gratas surpresas. Vou continuar a fazê-las na certeza de que, vez em quando, ocorrerão acidentes tão agradáveis quanto este.
abril-2004