MEDO.....

Heleida, um prazer sempre a interlocução com você, principalmente sobre um tema que está ao lado de todos, o medo.Li o texto pertinente que você repassou via email. Sobre ter medo sou imunizado, muito mais quando se trata de ter medo de pessoas.

O Brasil não é uma ilha nem republiqueta sujeita ao discricionarismo político isolado, é um continente que cresce, mesmo que sozinho e sangrado, por força do trabalho da iniciativa privada. As forças representativas já demonstraram inexistir espaço para “constituintes específicas”, sem origem no direito, ou ideias que tais, a reboque de surpresas.

Não tenho medo de meus iguais, pessoas, tenho receio de suas ideias. As ideias definiram no encaminhamento dos povos, suas vitórias ou derrotas. Estão registradas na história. Não há como desvirtuar suas ocorrências. Se impulsionadas para o bem, estão lá marcadas, registradas, a multiplicarem seus exemplos em todos os movimentos que consagraram a liberdade do homem.

Caso contrário, enegreceram as páginas do curso da humanidade pela escravidão em todos os sentidos, desde a pura e simples liberdade de ir e vir, razão maior de existir, até a escravidão da escolha da representação pública, pela sonegação da educação que os Estados têm obrigação de conferir aos seus nacionais, pelo menos no ensino fundamental.

Essa ausência de formação mínima alarga as vontades políticas arregimentando deseducados, especialmente, mas também os falsamente educados que se aliam ao processo de esvaziamento de vontades e aspirações. Se eternizam no poder os adquirentes de consciências. Tabelam-se preços para todos.

Nessa ordem de desvalor a impunidade comanda os comandados, alienadas as necessidades adquiridas.

De um lado a subtração da qualificação da maioria, o que conduz os fraudadores da vontade na captação do voto, de outro as nuvens que trazem indefinição e por fim medo da subversão das conquistas arraigadas. Subsiste o medo de ideias, ideias retrógradas já sepultadas pelas experiências e insistidas em ameaças pontuais.

Caminhamos visitados por desgovernos, ensina a história, onde a promessa sempre foi ficção e a letra da lei hipótese, mas caminhamos sem tropeços desde que garantidas as liberdades individuais, os direitos fundamentais ameaçados e violados alguns em países vizinhos.

Atualmente, em meandros politicos, como notório, defende-se extinguir o processo de apuração de ilícitos; sempre. E luta-se incansavelmente por esse fim com todos os meios possíveis, mesmo que em idade provecta. Os políticos comandam essa escola nas câmaras altas.

Mudou-se o conceito da honra; se atacada, o procedimento de apuração deve ser varrido "para ficar debaixo do tapete", como diz o povo.

A honra do honrado quer ser como a verdade solar, como o sol que não quer sombras para rebrilhar em toda sua plenitude.

A honra do honrado repele a tortura da consciência e o sufrágio da benesse que oculta, do favor que desmerece, da doação do obséquio que pede troco, a retribuição que achaca e tem péssimo odor.

Os honrados, em cargos públicos, são escravos da lei e da verdade para serem livres, sem cadeias a algemar suas consciências, de cabeças erguidas não para enfrentarem ou subjugarem detratores, antes e muito mais para satisfazerem seus princípios.

Caminhar para barrar apurações revela a bondade desprezível dos que transigem escondendo culpas, dos que cedem para não ter necessidade de exigir, dos que dão a fim de que nada lhes peçam, dos que tudo externam por se divorciarem de suas obrigações.

Da mesma forma que de nada vale a vida que seria nosso primeiro bem sem liberdade, para o honrado nada vale viver sem apurar sua honra atacada. Mudou esse quadro ligado ao caráter, os valores são outros, maquiavélicos, atingir o fim do interesse pessoal sejam quais forem os meios.

A posição opiniosa que enfrenta a derrubada da corrupção para acolhê-la é totalitaria e impõe grilhões.

Não podemos desconhecer e repelir a força e o efeito das sinalizações da revolução francesa.

A luta pelo direito é a batalha da razão, o abrigo da compreensão que é norte da comunhão de todos, a sabedoria na busca do ideal maior, sem fraturar o império da lei que afasta o discurso que não encampa a ética e a moralidade na condução da coisa pública, regra impositiva de nosso artigo 37 do Ordenamento Fundamental a que todos nos devemos curvar, sem exceção.

João Neves da Fontoura, acadêmico, tendo em mira invulgar literato, Coelho Neto, esculpiu essa preciosidade:

“ O Sol e a Lua realizam sem atrito o poema dos dias e das noites. Cá embaixo - condição da vida ou castigo divino - nunca uma idéia triunfou sem batalha ou uma civilização conquistou o seu lugar ao sol sem pagar um pesado imposto de sangue e sofrimento”.

A esperança é que se forme o poema dos dias e das noites recusando fortemente a insidiosa corrupção e a fraude, que retiram de todos nós direitos invioláveis das liberdades individuais, posto que conquistados na certeza de que muito sofrimento e sangue, como acontecido na revolução francesa existiram, embora sejam páginas viradas para ensinamento dos homens, com didática pouco prevalente, subsistindo a amarga fraude que solapa o crescimento de todos, fruto da ordem social mal construída, insana, decrépita, instável e voluntariosa.

O massacre da liberdade em sentido amplo, liberdade que chegaria plena se implementada pela educação, realizaria as faculdades todas, de ir e vir principalmente, de fazer escolhas, inclusive vocacionais retiradas pela falta de educação. Sonegou-se de muitos a sobrevivência material, o puro e simples direito humano de sobreviver, por egoísmo, pelo interesse pessoal de enriquecer a custa dos gravames recolhidos, como noticia a mídia, direito não só à moradia, à saúde, à educação, mas à proteína, mortas de fome incontáveis infâncias.

Buscamos a justificativa para compreender esse estado humano em reiterar o egocentrismo e nele caminhar em desfavor da razão e não encontramos razão, como imperativo.

Seria o nada político. Não quero e nem devemos nisso acreditar. Não, absolutamente não. Precisamos compreender que compreender é a grande meta, unir o grande objetivo, somar a melhor equação, distinguir a grande sabedoria, ser correto fim último.

Celso Panza
Enviado por Celso Panza em 21/07/2010
Reeditado em 25/07/2010
Código do texto: T2390770
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