AS ESTATÍSTICAS

As estatísticas sempre me confundiram, nunca consegui entender muito bem os números ali indicados, me parecendo ser coisa de político, sempre escondendo algum detalhe.

Consultei alguns dados na internet e outros do IBGE ficando realmente surpreso com algumas coisas. No Rio Grande do Sul existem 3,15 habitantes para cada carro, o que eu duvido, pois para o meu DelRey já estão destinadas três pessoas, a minha esposa, uma das netas e eu. Já o meu vizinho é ele e a mulher, para completar a sua cota eu poderia ceder-lhe o 0,15 da minha e tentar arranjar mais um, facilitando o transporte, mas está difícil, carona é meio perigoso e assim os ônibus continuam lotados.

Nas grades e números do IBGE encontrei diversas afirmações sobre a década de noventa que são muito interessantes, uma das quais é a desigualdade entre 10% ricos e os 40% pobres, havendo uma afirmação de houve um aumento na renda de ambas as classes na ordem de 38%, só que a dos ricos aumentou de 13,30 para 18,40 salários mínimos e a dos pobres de 0,70 para 0,98 de um mínimo, não incluíram nessa estatística os outros 50%, que assim como eu sobra mês e falta salário.

Também nessa mesma época houve duas constatações sobre o número de filhos nos lares brasileiros, a primeira é que nos anos 70 seria de 5,8 filhos por casal, passando a ser 2,3 em 1999 (comecei a me preocupar com o 0,8 e o 0,3), a segunda é que as mães com 4 anos de estudos tinham 3,1 filhos e as com 8 anos ou mais anos de escolaridade 1,6 rebentos. Tudo bem quanto mais estudo melhor, mas nem com pós-graduação em Harvard ou com a ajuda de um programa de última geração da Microsoft sobre procriação humana irão o conseguir gerar 0,6 de uma criança. Não tenham ilusões: ela sempre vai chegar inteira.

Nos anos noventa ocorreu a minha aposentadoria, foi quando tive tempo para um estudo estatístico sobre a seção das quatro da Rede Globo, vindo a descobrir que o programador dos filmes tinha medo ou de labirintos ou do escuro, pois as fitas eram sempre as mesmas e deveriam estar em uma prateleira bem a mão. Também não deveria tolerar altura, detestando escadas para atingir a parte superior dos arquivos, com problemas de coluna não conseguia chegar a parte inferior das fileiras, continuava sempre na mesma linha repetindo os mesmos títulos, e por último que ele era apaixonado pela Brooke Shields, pois em 1,6 anos assisti 9,3 vezes A Lagoa Azul.

Da última vez não resisti, fui só até ao 0,3 e desliguei a televisão.