A M I G O
Tarde da noite, ou seja, madrugada. Olho o relógio para confirmar se não minto. Uma hora e trinta e dois minutos. A cidade dorme. Silêncio. Um ou outro estão como eu, “acordados”, envolvido no vício da modernidade, o computador, a internet, que absorve, que aspira as horas, os minutos, o tempo sem sequer nos darmos conta.
Ainda há pouco, 95 minutos atrás, era dia do Amigo, 20 de julho. “Amigo, coisa para se guardar do lado esquerdo do peito”, canção da América, Milton Nascimento. São as coisas abstradas como amizades, que estão isentas de serem extorquidas. Ninguém subtrai amizade de uma bolsa, de um armário, ela está no peito, escondida, guardada como vinho na adega.
Liguei para alguns dos meus amigos distantes que há muito não falávamos e antes que se atormentassem com o meu telefonema inesperado, apressava-me dizendo:
- Hoje é dia do amigo. Vim confirmar nossa amizade presente, viva, apesar da distância, apesar do silêncio, apesar de tudo.
Para outros mandei mensagens na internet e para muitos outros não mandei nada, não pude infelizmente me congratular. Este texto atrasado veio da alma, veio de dentro, brigou comigo mesma para ser escrito. Larguei o trabalho que estava em meio de caminho, dominei o sono que queria me render. Pronto! Estou eu aqui. Deixando as letras fluírem, caem nas teclas e são transcritas conduzidas pelas mãos. Escrevo para você que não recebeu meu telefonema, que não recebeu meu e-mail, nem mensagem no celular. É para você que sabe da nossa amizade, que sabe do nosso afeto, que venho selar, renovar, confirmar este sentimento neste 20 de julho, ontem, dia do amigo.. Que nossa amizade seja eterna, além da vida.
É tarde, logo mais o sol acorda. Vem me cumprimentar pela janela. Não importa se durmo cedo ou tarde, o sol tem hora e vem me dar bom dia. Vou esperá-los entre os lençóis macios, entre bons sonos e lindos sonhos de quem é feliz por que tem você, meu caro amigo.