O Esporte da Vovó
Numa manhã o neto chega à casa de sua avó e, ao vê-la em casa, diz:
- Ué! Pensei que não fosse encontrá-la aqui. Hoje não é um dos dias da semana em que a senhora pratica hidromassagem?
- É que desisti. Não pratico mais nenhum esporte. Percebo que não fazem bem à ninguém. Decidi parar antes que eu adoeça ou morra – respondeu a avó ao neto.
- Não acredito que novamente a senhora interpretou errado as recomendações do médico? – falou o neto.
- Larga de ser bobo e intrometido menino. Quando foi que eu interpretei errado alguma coisa? Muito pelo contrário, o doutor faz é recomendar, mas acredito que os médicos sejam donos das funerárias e farmácias, além dos hospitais, e por isso querem de qualquer forma nos adoecer ou matar . Falou brava a avó.
- Como é o quê? Falou o abismado e atrapalhado neto que parou para ouvi-la.
- Aff! Vou explicar. Fiquei ontem à noite inteira refletindo para cheguar à minha conclusão. A prática de esporte mata ou adoece. Recordei a quantidade de velórios e hospitais que fui para enterrar ou visitar os colegas que seguiram tais orientações. Entre os praticantes de caminhada e hidromassagem que conheci, só existiam diabéticos, hipertensos, enfartados, tortos derramados e eu ainda sou saudável. Parei antes que alguma dessas coisas comigo aconteça. Esporte mata, adoece ou aleija.
- Para com isso. É que apenas procuraram a prática esportiva quando já estavam doentes. Foram em busca de uma melhor qualidade de vida. Retrucou o neto.
- Não quero nem saber. É assim que vejo e pronto. Mas, mudando de assunto, por que é mesmo que você está com essas bandagens no joelho e no ombro? Perguntou a avó.
- A lesão no ombro ocorreu por conta alguns excessos na prática de natação e no joelho na de judô. Respondeu o neto.
Sem muita conversa a avó virou ao neto e disse:
- É por isso que não caiu nas suas conversas e nem nas dos médicos quando se trata de esporte e alimentação. Faça um favorzinho para sua vovó: vá mancando até a cozinha e use o braço direito, o que não está aleijado ainda, para cortar um pedaço de brevidade e trazer junto com um caldo de mocotó que está dentro do microondas. Entendeu aleijadinho?
Sem argumentos, o neto foi para a cozinha arrastando uma das pernas.
Alexandre Menezes
OBS- No início, quando publiquei meu primeiro texto aqui, tinha uma enorme expectativa quanto ao centésimo. Este poderia ter chegado a bastante tempo até porque possuo uma quantidade não publicada. Poderia ter ocorrido em um outro momento ou com ou outro tema mais habitual. A escolha deste, tendo relação com a realidade ou não, é uma dedicação em vida, mesmo que ela nunca fique sabendo ou leia, uma das pessoas que mais admiro: a minha fantástica avó.
Forte abraço.
Numa manhã o neto chega à casa de sua avó e, ao vê-la em casa, diz:
- Ué! Pensei que não fosse encontrá-la aqui. Hoje não é um dos dias da semana em que a senhora pratica hidromassagem?
- É que desisti. Não pratico mais nenhum esporte. Percebo que não fazem bem à ninguém. Decidi parar antes que eu adoeça ou morra – respondeu a avó ao neto.
- Não acredito que novamente a senhora interpretou errado as recomendações do médico? – falou o neto.
- Larga de ser bobo e intrometido menino. Quando foi que eu interpretei errado alguma coisa? Muito pelo contrário, o doutor faz é recomendar, mas acredito que os médicos sejam donos das funerárias e farmácias, além dos hospitais, e por isso querem de qualquer forma nos adoecer ou matar . Falou brava a avó.
- Como é o quê? Falou o abismado e atrapalhado neto que parou para ouvi-la.
- Aff! Vou explicar. Fiquei ontem à noite inteira refletindo para cheguar à minha conclusão. A prática de esporte mata ou adoece. Recordei a quantidade de velórios e hospitais que fui para enterrar ou visitar os colegas que seguiram tais orientações. Entre os praticantes de caminhada e hidromassagem que conheci, só existiam diabéticos, hipertensos, enfartados, tortos derramados e eu ainda sou saudável. Parei antes que alguma dessas coisas comigo aconteça. Esporte mata, adoece ou aleija.
- Para com isso. É que apenas procuraram a prática esportiva quando já estavam doentes. Foram em busca de uma melhor qualidade de vida. Retrucou o neto.
- Não quero nem saber. É assim que vejo e pronto. Mas, mudando de assunto, por que é mesmo que você está com essas bandagens no joelho e no ombro? Perguntou a avó.
- A lesão no ombro ocorreu por conta alguns excessos na prática de natação e no joelho na de judô. Respondeu o neto.
Sem muita conversa a avó virou ao neto e disse:
- É por isso que não caiu nas suas conversas e nem nas dos médicos quando se trata de esporte e alimentação. Faça um favorzinho para sua vovó: vá mancando até a cozinha e use o braço direito, o que não está aleijado ainda, para cortar um pedaço de brevidade e trazer junto com um caldo de mocotó que está dentro do microondas. Entendeu aleijadinho?
Sem argumentos, o neto foi para a cozinha arrastando uma das pernas.
Alexandre Menezes
OBS- No início, quando publiquei meu primeiro texto aqui, tinha uma enorme expectativa quanto ao centésimo. Este poderia ter chegado a bastante tempo até porque possuo uma quantidade não publicada. Poderia ter ocorrido em um outro momento ou com ou outro tema mais habitual. A escolha deste, tendo relação com a realidade ou não, é uma dedicação em vida, mesmo que ela nunca fique sabendo ou leia, uma das pessoas que mais admiro: a minha fantástica avó.
Forte abraço.